Com o aumento crescente dos custos de produção agrícola e a estagnação dos preços dos produtos agrícolas, o Agronegócio brasileiro tem investido cada vez mais em ferramentas e tecnologias que sejam capazes de aumentar a lucratividade do setor.
Por esse motivo, o empreendedorismo no Agronegócio nunca teve tantas oportunidades como agora, desde que demonstre a capacidade de enxergar os problemas em qualquer área ou atividade e, a partir delas, elaborar soluções tecnológicas, transformando-as em um negócio.
O empreendedorismo no Agronegócio é algo muito amplo, tendo em vista a dimensão de cada segmento e as inúmeras possibilidades de negócios em cada um deles.
Contudo, esse ramo possui infinitas possibilidades para você que é um profissional do Agronegócio e deseja ter o seu próprio empreendimento.
Além de possibilitar independência financeira, ter o próprio negócio permitirá que você coloque suas ideias em prática, decida seus horários, escolha a sua equipe de trabalho, e o mais gratificante, você terá a oportunidade de trabalhar com o que realmente gosta.
Porém, ter o próprio negócio significa lidar com incertezas e, por isso, o empreendedor deve ter algumas características que são fundamentais para atingir o sucesso.
Acima de tudo, o empreendedor deve acreditar naquilo que está fazendo, para que a sua motivação jamais fique abalada.
Também é fundamental que se tome a iniciativa de colocar suas ideias em prática, afinal o sucesso da sua empresa depende de você.
Elaborar metas, ter autoconfiança, saber liderar o seu negócio e ser perseverante são atitudes que encaminham o seu negócio para o rumo do sucesso.
A partir da alta demanda por alimentos, a missão do empreendedor do agro é auxiliar no aumento da produtividade de maneira mais sustentável, com menor agressão ao meio ambiente.
E é por isso que o empreendedorismo do Agronegócio brasileiro vive na atualidade um momento tecnológico nunca antes vivido.
Nesse contexto, as startups do Agronegócio tem assumido papel de destaque nos processos de inovação e novas tecnologias.
As startups são empresas que ainda estão em fase inicial, e que desenvolvem produtos ou serviços tecnológicos inovadores e com alto potencial de crescimento.
De acordo com a editora da Folha de S. Paulo Jaqueline Nichi, as startups do Agronegócio crescem em média 70% ao ano, e que entre os anos de 2015 a 2017 surgiram 75 novas empresas com esse perfil, sendo que, 15% desses negócios possuem um faturamento anual superior a R$ 300 mil reais.
Neste artigo, você encontrará informações e dicas para que você consiga abrir o seu próprio negócio, por meio do seguinte roteiro:
- Você tem uma ideia ou uma oportunidade?
- Como elaborar sua Proposta Única de Valor
- Modelo Canvas: como estruturar seu modelo de negócio
- Plano de negócios: defina os passos para alcançar seus objetivos
- Principais erros ao começar um negócio
- AgTech: as Startups do Agronegócio
Você tem uma ideia ou uma oportunidade?
A primeira coisa que você precisa entender é a diferença entre ter uma ideia e ter uma oportunidade de negócio.
A ideia é algo livre, espontâneo, que não tem comprometimento com nada e em dar certo. É fruto da criatividade e de descobertas.
Uma ideia em si é inerte e não tem valor em termos práticos.
Já a oportunidade é uma ideia que está vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao consumidor, ou seja, a oportunidade é uma ideia que tem demanda e potencial para gerar lucros.
Para compreender melhor, acompanhe esse exemplo: você está com a ideia de abrir uma consultoria agroflorestal, com o objetivo de oferecer serviços que auxiliem silvicultores.
Esta parece ser uma ótima ideia, não é mesmo?
Mas para que a ideia de abrir uma consultoria agroflorestal dê certo, você precisa saber se essa ideia tem potencial para se tornar uma oportunidade de negócio.
E para isso, você deve realizar uma série de perguntas a si mesmo:
- A minha ideia tem potencial para o mercado? Ou seja, na minha região, há muitos silvicultores? Eu vou ter clientes para conquistar? Se sim:
- Quanto o meu público-alvo estará disposto a pagar pelos meus serviços? Essa atividade será compensatória? A consultoria vai gerar lucro?
- Eu tenho como pôr essa ideia em prática? Eu possuo recursos financeiros e mão-de-obra para o funcionamento da consultoria?
As pessoas não compram produtos ou serviços. Elas compram soluções para seus problemas e suas necessidades.
Ou seja, a oportunidade surgirá se a sua ideia for boa o suficiente para que as pessoas necessitem dela, e também para que essas pessoas estejam dispostas a pagar pela ideia.
E claro, a oportunidade depende de quem possui recursos técnicos e financeiros para executá-la.
Para ter sucesso um negócio depende de como o empreender aproveita a oportunidade.
Por isso, ter uma ideia não faz de você um empreendedor, mas saber aproveitar uma oportunidade, sim!
Lembre-se: muitas empresas que hoje são difundidas mundialmente começaram do zero. Comece pequeno, mas sonhe grande!
Esteja sempre em busca de adquirir novas competências, seja atualizado sobre o que o mercado está buscando no momento, busque referências para se inspirar, deixe de lado tudo o que for desnecessário, e defina objetivos para o seu empreendimento.
E o mais importante, não desista!
Se você já conseguiu identificar uma oportunidade de negócio, você já está preparado para iniciar o planejamento da sua própria empresa.
Porém, antes disso, você deve saber como elaborar sua Proposta Única de Valor, como estruturar o seu modelo negócios e também deve realizar o seu plano de negócios.
Como elaborar sua Proposta Única de Valor
Antes de elaborar a sua Proposta Única de Valor, você deve compreender melhor este conceito.
A proposta de valor é uma declaração de posicionamento que explica qual benefício você oferece, para quem e como você o faz excepcionalmente bem.
A Proposta Única de Valor (PUV) é uma importante ferramenta que auxilia no trajeto do sucesso do seu empreendimento, pois faz com que você se sobressaia na concorrência do mercado, de forma a expor o diferencial do seu negócio, tornando-o único em meio a tantos outros do seu ramo.
Este recurso deve ser construído em forma de um texto breve, que deixe claro o que a sua empresa fornece (expor a principal característica de determinado produto ou serviço), utilizando argumentos sobre o seu diferencial e gerando convencimento para as pessoas de que elas precisam do que você está oferecendo.
Contudo, a Proposta Única de Valor não é definida como um slogan ou como a missão/objetivo da empresa.
Sendo assim, ela também não deve ser somente uma frase bonita ou poética, e muito menos enganosa.
Portanto, para elaborar uma Proposta Única de Valor que seja clara e objetiva, você deve seguir as seguintes dicas:
Faça o perfil do seu público-alvo, pois é fundamental que você tenha o conhecimento das necessidades, do poder aquisitivo, dos hábitos e interesses dos seus futuros clientes, para que você possa definir qual característica marcante do seu negócio está em sintonia com o seu público-alvo, e conseguir expô-la na sua Proposta Única de Valor.
O conhecimento da concorrência do seu negócio também deve ser levado em consideração no momento de selecionar a principal característica.
A partir disso, você terá a certeza do que você deve dar enfoque na hora de elaborar a sua proposta.
Elabore textos sobre a sua proposta, mas monte mais de um, elabore textos curtos que possam ser lidos em aproximadamente 15 segundos e a partir disso, veja qual dos textos chamaria a atenção do seu público-alvo, coloque-se no lugar do seu cliente.
Após isso, otimize a sua Proposta Única de Valor, retire as informações desnecessárias.
É importante lembrar que a sua proposta não deve conter todas as características do que você está oferecendo, ela serve para chamar a atenção das pessoas e fazer com que elas busquem mais informações sobre o seu negócio.
Ao finalizar a sua Proposta Única de Valor, mostre-a para pessoas conhecidas e perceba a reação dessas pessoas, veja como elas interpretaram a sua proposta.
Se a interpretação delas for condizente com o que você está oferecendo, você obteve sucesso na elaboração da sua Proposta Única de Valor.
Veja alguns exemplos de PUVs de empresas bem-sucedidas no Agronegócio:
Strider
O que a empresa vende: software que realiza a gestão operacional no campo
Qual é a vantagem: precisão e economia na aplicação de inseticidas, e fornece conhecimento ao produtor sobre todas as operações que estão sendo realizadas em tempo real.
Quem é o público-alvo: produtores agrícolas.
Nucleário
O que a empresa vende: ferramenta utilizada no plantio de mudas florestais.
Qual é a vantagem: facilita a manutenção no pós-colheita e é 100% biodegradável.
Quem é o público-alvo: silvicultores.
Farmin
O que a empresa vende: aplicativo que realiza monitoramento do rebanho bovino.
Qual é a vantagem: não precisa de internet para o funcionamento, fornece informações seguras e detecta problemas com antecedência.
Quem é o público-alvo: pecuaristas.
Modelo Canvas: como estruturar seu modelo de negócio
O “Modelo Canvas” ou “Canvas” é um simples mapa visual estratégico que permite elaborar e desenvolver modelos de negócios novos ou já existentes.
Mas o que significa modelo de negócios?
O modelo de negócios nada mais é do que a estratégia da empresa, que envolve a criação, o funcionamento, a entrega e a obtenção do valor (benefício).
E o Canvas é uma ferramenta que auxilia no desenvolvimento do modelo de negócios. Esta é uma ferramenta visual e bastante prática, pois todo o planejamento de uma empresa fica descrito em apenas uma página, em uma espécie de “diagrama” ou “mapa”.
Esse modelo proporciona uma simplificação na comunicação e estimula a criatividade entre os que compõem a empresa, além de trazer maior organização a empresa e agilizar o processo estratégico da mesma.
O Modelo Canvas engloba 9 componentes básicos:
1. Segmentos de mercado: neste componente é feita a definição dos grupos de pessoas que farão parte do seu público-alvo. É levado em consideração a necessidade e as características de cada grupo, que irão influenciar em questões como o tipo de relacionamento e os canais de distribuição da empresa, por exemplo.
2. Proposta de valor: qual é o valor que você irá oferecer ao seu público-alvo? A proposta de valor deve atender a uma necessidade ou resolver um problema do seu cliente.
3. Canais: as maneiras com que a empresa irá se comunicar com os cliente, desde o momento da aquisição do serviço ou produto até o suporte após o pagamento.
4. Relacionamento: consiste nas estratégias de relacionamento, as quais possuem o objetivo de “captar” o cliente e não permitir que ele procure outra empresa por motivos de menores preços, por exemplo. Diferentes estratégias de acordo com cada grupo de clientes.
5. Fontes de receita: representa a maneira como o cliente pagará pelo valor (benefício) recebido.
6. Recursos principais: se refere aos recursos que você necessita para realizar as atividades-chave.
7. Atividades-chave: são as ações fundamentais para que seja entregue ao cliente a sua proposta de valor, ou seja, são as atividade primordiais para o bom funcionamento da sua empresa.
8. Principais parcerias: são as atividades-chave realizada por terceiros, e os recursos principais utilizados fora da empresa.
9. Estrutura de custos: engloba todos os custos (fixos e variáveis) arcados pela empresa, para que a mesma possa gerar as propostas de valor.
Como resultado final do seu modelo Canvas você terá um verdadeiro mapa da organização e poderá visualizar o negócio como um todo (visão sistêmica) e a forma como cada processo se encaixa, sendo possível validar a ideia antes de iniciar o produto ou o serviço.
Plano de negócios: defina os passos para alcançar seus objetivos
O plano de negócios é um documento escrito e bastante extenso, fundamental para quem está pensando em abrir o seu próprio negócio.
Neste documento, é realizado o planejamento completo do seu negócio.
Por meio deste planejamento é possível identificar e diminuir seus erros ainda no papel, sem correr o risco de cometê-los no mercado, e dessa forma, será possível tirar a conclusão se a sua ideia é viável ou não.
Desta forma, o plano de negócios permite que você chegue ao mercado com mais segurança e maior conhecimento sobre o seu ramo, seus produtos ou serviços, seus concorrentes e fornecedores, e também sobre os pontos fortes e fracos do seu negócio.
Assim como no Modelo Canvas, o Plano de Negócios possui alguns componentes básicos que devem ser seguidos na ordem, os quais são:
1. Sumário executivo: se trata do resumo do seu Plano de Negócios, assim como o nome diz, em forma de sumário, contendo os principais pontos do seu projeto.
2. Análise de mercado: consiste no estudo dos seus futuros clientes, concorrentes e fornecedores. É muito importante levantar essas informações pois, é a partir delas que você saberá se sua empresa está indo no caminho que os seus futuros clientes desejam.
3. A empresa: aqui você deve descrever as principais características da sua empresa, adicionando informações como sócios, tributação e localização.
4. Produtos e/ou serviços: descrição do produto ou serviço que será fornecido pela sua empresa, e de que maneira esse serviço irá atender as necessidades ou a resolução do problema do seu cliente.
5. Estratégias: elaboração das estratégias de como o seu negócio irá se sobressair em meio a concorrência do mercado.
6. Plano de marketing: o plano de marketing é um pouco complexo, porém é de extrema importância, pois ele engloba as estratégias de comercialização, como a descrição dos produtos ou serviços, a melhor localização para a instalação do seu negócio, os preços que serão cobrado pelos produtos e serviços, a divulgação e as formas de promover suas atividades-chave.
7. Operacional: este componente também é muito importante, ele compreende o arranjo físico de setores da empresa; capacidade de atendimento; processos operacionais necessários para dar origem ao produto ou serviço e também a necessidade pessoal, ou seja, a quantidade de pessoas que a empresa irá necessitar para poder atender seus clientes.
8. Financeiro: no financeiro, você irá depositar informações como investimentos totais; estimativas de custos totais; de faturamento mensal; de indicadores de viabilidade e de lucratividade.
Principais erros ao começar um negócio próprio
Para você que não tem experiência em empreendedorismo, praticar alguns erros no início da formação do seu negócio é inevitável.
Mas é possível se atentar aos principais erros, ou seja, aos erros mais comumente praticados por quem inicia um novo negócio próprio, como por exemplo:
Não planejar seu Agronegócio antes de começar: o brasileiro de maneira geral tem a cultura de “ir fazendo”, até porque planejar é algo um pouco chato, demorado e complicado, e muitos pensam que o tempo em que estão planejando poderiam estar executando alguma atividade-fim da empresa. E esse é um dos grandes motivos pelos quais as empresas acabam “trocando o pneu com o carro em movimento” ou então fazem parte das tristes estatísticas de que que a cada dez novas empresas, seis fecham antes de completar cinco anos.
Não saber dar o preço do seu produto ou serviço: antes de iniciar o negócio, você precisa saber se as pessoas realmente necessitam do seu produto ou serviço, se sim, você também precisa saber o quanto elas estão dispostas a pagar por ele.
Buscar um sócio pensando apenas no dinheiro: se você pensa em arrumar um sócio para poder dividir um provável prejuízo no futuro, então você nem deve começar o seu negócio. Vale ressaltar que em uma sociedade, você nunca irá desfrutar de 100% do lucro da empresa.
Iniciar o empreendimento sem reserva financeira: se você tem a intenção de obter grandes lucros assim que abrir a sua empresa, sinto em lhe informar que, uma empresa leva, no mínimo, 2 ou 3 anos para se estabilizar e começar a gerar um lucro significativo.
Pouca capacitação/conhecimento do seu ramo: você é o chefe, é com você que os funcionários irão tirar as dúvidas sobre como agir na sua empresa. Você deve ter total domínio sobre tudo o que acontece no seu negócio.
Esperar que os clientes venham até você: é necessário que você invista em diferentes abordagens de marketing, porém, em abordagens que irão chegar até o seu público-alvo. Além disso, você deve estabelecer um relacionamento com seus clientes, para que eles tenham preferência pelo atendimento da sua empresa.
Não prestar atenção no caixa da empresa: é importante que você esteja atento ao fluxo de caixa diário da empresa (entradas e saídas), tendo o cuidado para que não crie dívidas logo no início do negócio.
AgTech: as Startups do Agronegócio
Um novo mercado de tecnologias do Agronegócio, denominado AgTech, deslanchou no Brasil em meados de 2013 e atualmente está dominando as tendências para o setor.
Novas tecnologias chegaram até o campo, trazendo novos recursos que colaboram para o alcance de uma produção mais sustentável e precisa, diminuindo os custos de produção e aumentando produtividades nos diferentes segmentos da agropecuária.
As empresas responsáveis pela elaboração e fornecimento dessas tecnologias são denominadas startups, as quais estão revolucionando o empreendedorismo mundial, nos diversos setores de mercado.
As startups possuem como características a acelerada velocidade de inovação, a resolução de problemas complexos e a grande capacidade de expansão para novos mercados.
De acordo com o conselheiro da ABStartups, Yuri Gitahy, startup se refere a um grupo de pessoas que estão à procura de um modelo de negócio em que, independentemente da quantidade de clientes que a empresa conquiste, o custo de operação não se eleve na mesma proporção. E para isso, utilizam-se das diferentes tecnologias.
No Agronegócio, as startups estão inovando cada vez mais, de forma a gerar soluções tecnológicas eficazes para solucionar os diversos desafios diários enfrentados pelos dos produtores rurais e pelos profissionais do setor.
Entre as soluções mais utilizadas pelos empreendedores brasileiros estão o uso de drones e satélites para monitoramento, sistemas de biotecnologias, sistemas de análise de dados, e as plataformas de gestão financeira.
Alguns exemplos de startups de destaque no ramo do Agronegócio:
Aegro: esta startup desenvolveu uma plataforma com um painel digital, o qual permite que produtores possam acompanhar seu fluxo de caixa e realizar o planejamento da sua propriedade e das operações agrícolas.
Farmin4Milk: elaborou um aplicativo mobile no qual o produtor rural consegue determinar o momento mais adequado para realizar a inseminação artificial das matrizes, de forma a monitorar a saúde e desempenho dos animais, por meio de um sistema de monitoramento conectado ao aplicativo.
Treevia: possui um sistema chamado SmartFlorest, o qual disponibiliza informações para a gestão de ativos florestais.
Agroconforto: desenvolveu uma tecnologia que garante o bem estar animal no momento da ordenha, disponibilizando informações sobre o ambiente e dando dicas sobre o que o produtor pode fazer para melhorar sua produção de leite.