Atualmente, a agricultura brasileira depende fortemente da aplicação de produtos fitossanitários, sejam eles herbicidas, fungicidas ou inseticidas.

Entretanto, nem sempre as aplicações destes produtos são realizadas de modo adequado nas condições de campo.

A tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários possibilita que as pulverizações sejam mais precisas. Além disso, tem como objetivo disponibilizar os defensivos, nos locais corretos, nas doses e quantidades indicadas.

Desta forma, muitos dos problemas relacionados a tecnologia de aplicação poderiam ser resolvidos, simplesmente, realizando a adição de adjuvantes nas caldas dos defensivos.

Um adjuvante é uma substância sem função fitossanitária e que, ao ser adicionada a um defensivo químico como, herbicida, fungicida ou inseticida, facilita a sua mistura no tanque, as pulverizações e a eficiência do ingrediente ativo.

Além disso, pode-se dizer que os adjuvantes aumentam ou modificam a ação dos defensivos. Algumas vezes, quando você adquire um defensivo químico, como um herbicida, por exemplo, este produto já vem com um adjuvante associado.

Nestes casos, dizemos que o herbicida já vem com os adjuvantes de fábrica. Estas formulações visam facilitar a estabilidade e funcionalidade dos ingredientes ativos em uma solução de pulverização.

Embora, este seja o cenário ideal, nem todos os produtos veem com adjuvantes em sua formulação. Sendo necessária à sua adição nas caldas destinadas as pulverizações.

Estes são os adjuvantes que mais interessam aos agricultores, pois, desta forma, eles podem ser associados a uma infinidade de produtos. Desde que sejam quimicamente compatíveis.

De modo geral, podemos dizer que os adjuvantes auxiliam na dinâmica dos defensivos agrícolas nas plantas, através de processos como:

Estes e outros atributos contribuem para que os adjuvantes sejam motivo de diversos estudos na agricultura de precisão, mais especificamente no que diz respeito a tecnologia de aplicação de defensivos.

Como os adjuvantes funcionam?

Na agricultura, os adjuvantes desempenham diversas funções importantes nas pulverizações de produtos fitossanitários. Os mesmos atuam, principalmente, modificando as características da calda de aplicação, desta forma, podem funcionar, como:

  • Acidificantes
  • Antiespumantes
  • Antievaporantes
  • Ativadores nitrogenados
  • Espalhantes adesivos
  • Espessantes
  • Redutores de pH
  • Surfatantes

 

No que diz respeito ao seu modo de atuação, na prática, os adjuvantes podem:

  • Agir sobre a cutícula das folhas: rompendo as suas ligações e, com isso, potencializar a penetração e absorção do defensivo.
  • Dissolver as gorduras presentes nas cutículas e membrana celular: desta forma, os adjuvantes eliminam as barreiras físicas presentes nas folhas, as quais dificultam a penetração dos produtos.
  • Diminuir a fotodecomposição: através da redução da hidrólise dos agroquímicos na calda de aplicação.
  • Modificar as características da calda: proporcionando melhor viscosidade, o que favorece o espalhamento e a absorção. Desta forma, reduzem também a degradação do ingrediente ativo.
  • Beneficiar a pulverização: pois proporcionam maior uniformidade no diâmetro das gotas e bom espalhamento.

Além disso, os adjuvantes mais modernos e, portanto, mais complexos podem atuar com múltiplas características. Desta forma, atuam em mais de uma das funções acima.

Nos casos em que as condições climáticas paras as aplicações são adversas, os adjuvantes podem permitir que elas sejam mais eficientes. Por exemplo, quando os ventos estão acima do recomendado para as aplicações, alguns adjuvantes podem ser utilizados. Principalmente, aqueles que possuem capacidade para ampliar a tensão superficial da água e aumentar a viscosidade das caldas.

Estes adjuvantes atuam com a função de aumentar o diâmetro das gotas produzidas pelos bicos e diminuir a probabilidade de deriva. Nestes casos, os adjuvantes mais utilizados são os à base de óleo e os surfactantes.

Atualmente, existe uma forte tendência a aplicações de menores volumes de calda/hectare. Isso possibilita que um pulverizador possa cobrir uma maior área de lavoura com um único tanque de aplicação.

Este tipo de situação, somente tornou-se possível devido a tecnologia proporcionada pelos adjuvantes específicos. Os quais tem a capacidade de ampliar a cobertura e a retenção nas superfícies vegetais, principalmente, em aplicações com taxas reduzidas.

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Classificação dos adjuvantes

De modo geral, pode-se dizer que os adjuvantes são produtos que ao serem adicionados às caldas, aumentam a eficiência do ingrediente ativo ou modificam determinadas propriedades da solução. Baseado nisso, os adjuvantes são classificados em dois grandes grupos principais:

  • Ativadores de superfícies das folhas
  • Modificadores das caldas de pulverização

 

Ativadores de superfície das folhas

Os adjuvantes ativadores potencializam a função dos defensivos agrícolas, de modo a ampliar a taxa de absorção para dentro das plantas. Deste modo, eles podem ser categorizados em:

  • Surfactantes, tem a função de ampliar a superfície de contato entre as folhas das plantas e as gotas, consequentemente, resultando em maior absorção. Podendo ser subdivididos em:
    • Não iônicos
    • Iônicos
    • Anfotéricos
  • Óleos, tem como funções principais, diminuir a evaporação da gota, além de diminuir a hidrólise e fotodecomposição. Podem ser dos tipos:
    • Mineral (óleos derivados do petróleo)
    • Vegetal (óleos derivados de sementes oleaginosas).
  • Fertilizantes nitrogenados, são adubos usados principalmente associados a herbicidas. Possuem a função de reduzir a precipitação e cristalização dos produtos. Os mais comuns são:
    • Derivados de amônio
    • Ureia

 

Modificadores das caldas de pulverização

Os adjuvantes modificadores de calda atuam nas características físicas e/ou químicas das caldas. Desta forma, estes adjuvantes são acrescentados diretamente ao tanque para melhorar as pulverizações. Sendo subdivididos em:

  • Agentes compatibilizantes: possibilitam a mistura de diferentes produtos, mantendo ambos em suspensão.
  • Agentes espessantes: alteram a viscosidade das caldas.
  • Antiespumantes: reduzem a produção de espuma.
  • Controladores de deriva: aumentam o diâmetro das gotas.
  • Corantes: permitem a visualização dos produtos depositados sobre as folhas.
  • Redutores ou absorventes de radiação UV: protegem os produtos da degradação causada pela radiação UV.
  • Modificadores de pH: ajustam o pH da calda, que deve ser em torno de 6 e 6,5.
  • Umectantes: proporcionam maior tempo de interação entre o produto e a folha.

Benefícios e vantagens dos adjuvantes

Na prática, os adjuvantes apresentam diversas vantagens as aplicações de defensivos, principalmente quando estas são realizadas em condições ambientais desfavoráveis e com misturas de ingredientes ativos.

Os adjuvantes proporcionam melhoria na qualidade da calda de aplicação, pois protegem os ingredientes ativos contra a cristalização, degradação da luz e evaporação.

Além disso, mantém em equilíbrio as cargas elétricas nas formulações e nas caldas.

Dependendo do adjuvante utilizado, eles podem evitar que ocorram incompatibilidade entre diferentes ingredientes ativos adicionados em um mesmo tanque.

Desta maneira, facilitam a limpeza dos sedimentos resultantes dos defensivos que, acumulam-se no pulverizador e causam entupimentos nos bicos de aplicações.

Em função de uma maior homogeneidade proporcionada pelo uso de adjuvantes, os mesmos padronizam o diâmetro das gostas. Com isso, evitam que derivas ocorram, permitindo que as gotas saiam dos bicos e alcancem os alvos.

Quando uma gota atinge uma folha, sendo está uma superfície vegetal dinâmica, alguns fenômenos podem ocorrer:

  • Se as gotas forem grandes, elas podem respingar e escorrer das folhas para o solo.
  • Se as gotas forem pequenas, em razão do impacto, elas podem ser lançadas para fora das folhas.

Em contato com a folha da planta, os adjuvantes surfactantes, por exemplo, podem melhoram a afinidade entre as gotas e superfície foliar. Eles reduzem a energia de ligação entre as moléculas, permitindo um maior espalhamento das gotas ao atingir as folhas.

Desta forma, a adição de adjuvantes surfactantes evitaria os problemas com os respingos e a fragmentação de gotas.

Estes adjuvantes também beneficiariam aplicações de gotas de diâmetro reduzidos, que são pulverizadas em superfícies foliares com tricomas (pelos foliares), por exemplo.

Nesta situação, especificamente, caso não fosse realizada a associação aos adjuvantes, boa parte das gotas menores ficariam retidas nos tricomas, sem conseguir atingir a superfície foliar.

Portanto, apesar de a gota atingir o alvo (as folhas), ela não atingiria a superfície de absorção e o defensivo químico não teria efeito.

Como escolher o melhor adjuvante para uma aplicação?

Para selecionar um bom adjuvante, o primeiro passo e o mais essencial é respeitar as informações contidas na bula do produto fitossanitário. Dependendo do defensivo que você adquirir, pode ser que o mesmo traga a informação do adjuvante mais adequado a ser utilizado.

Em outros casos, é possível que os produtos adquiridos já contenham os adjuvantes em sua formulação. Sendo assim, não é necessário a adição de adjuvantes as caldas de aplicação.

Entretanto, nem sempre a bula trará qualquer informação sobre o adjuvante mais indicado para ser utilizado junto ao produto. Nestes casos, cabe ao produtor rural ou engenheiro agrônomo a tomada de decisão, ou seja, se é necessário a adição de adjuvantes e, sobre qual adjuvante utilizar.

Diversos fatores devem ser levados em consideração para a escolha de um adjuvante, os principais referem-se a características relacionadas as condições ambientais.

De modo genérico, a tecnologia de aplicação considera que não devem ser realizadas pulverizações quando:

  • Umidade relativa do ar for menor do que 50%
  • Temperatura ambiental for superior a 30 ºC
  • Velocidade do vento estiver entre 3 km/h e 10 km/h

Desta maneira, deve-se considerar as condições de campo no momento da aplicação e, com base nisso, decidir qual o melhor adjuvante. Observe as situações abaixo:

  • Temperatura ambiental: se a temperatura estiver muito alta, recomenda-se que óleos sejam adicionados a calda para evitar a evaporação dos defensivos.
  • Umidade relativa do ar (UR%): quando UR% é baixa, geralmente há maior evaporação dos defensivos, para evitar que isso ocorra, podem ser adicionados a cada de aplicação os adjuvantes umectantes.
  • Velocidade do vento: quando o vento estiver em demasia no campo e for imprescindível a realização de pulverizações, são indicados os adjuvantes com capacidade para reduzir a deriva. Eles proporcionam gotas de maior tamanho e reduzem a formação de gotículas, garantindo pulverizações mais espessa nestas condições.

Exemplos de aplicações de adjuvantes

Como vocês podem ver, não existe uma receita pronta para a escolha do melhor adjuvante, pois as dificuldades não ocorrem isoladamente. Na maioria das vezes, as dificuldades ocorrem em conjunto.

A qualidade da água empregada nas pulverizações, por exemplo, é sempre um fator decisivo no sucesso das aplicações. Em muitas propriedades, nem sempre é possível a obtenção de água de elevada qualidade para compor as caldas de aplicação.

Os problemas mais comuns são relacionados a dureza (presença de sais) e o pH da água.

  • Água dura: é resultado na presença de muitos sais (Fe3+, Fe2+, Zn2+, Mg2+, Na+ e Ca2+), o que frequentemente resulta na formação de cristais, causando o entupimento dos bicos de pulverização e menor absorção pelas folhas. Nestes casos, recomenda-se a associação de adjuvantes condicionadores, os quais melhoram a qualidade da água.
  • pH: dois problemas podem ser causados pelo pH da água, ocorrendo quando a mesma está muito ácida ou muito básica. Nestes casos, indica-se que adjuvantes tamponantes sejam adicionados a calda quando o pH for ácido e, que adjuvantes acidificantes sejam adicionados quando o pH for básico.

As pulverizações aéreas de defensivos agrícolas, por outro lado, são frequentes em diversas culturas, pois possuem alto rendimento e cobrem grandes áreas em um curto espaço de tempo. Contudo, são as pulverizações que encontram os maiores desafios para serem realizadas.

Em um estudo realizado Mato Grosso, os adjuvantes comerciais com multifunções provaram ser uma opção para minimizar as perdas por deriva e evaporação neste tipo de aplicação. O adjuvante utilizado neste estudo atuou como condicionante e emulsionante de calda.

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