Há diversos tipos de solo no nosso país e conhecê-los é importante para o manejo, tanto na perspectiva da preservação dos recursos naturais quanto no intuito de atingir altas produtividades.
O Brasil é um país de dimensões territoriais, ocupando uma área equivalente a 8 514 876 Km² e sendo o quinto maior país do mundo.
Isso contribui para que tenhamos riqueza e diversidade de ecossistemas e paisagens incríveis.
Exemplificando, há seis biomas presentes no Brasil: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa.
Cada um desses biomas possui características próprias de diversidade biológica, incluindo a flora, a fauna e paisagem.
Sendo assim, você pode inferir que há também uma variedade enorme de tipos de solos com características próprias.
Essa diversidade de tipos de solo ocorre em função dos diferentes fatores de formação aos quais foram submetidas as áreas de cada região ao longo do tempo.
Esses fatores de formação dos tipos de solo correspondem ao material de origem, ao tempo, ao relevo, ao clima e à ação dos organismos vivos.
Por isso, instituições de pesquisa nacionais e internacionais investiram tempo e dinheiro em organizar sistemas de classificação com o intuito de agrupar tipos de solo com características semelhantes.
No Brasil, foi desenvolvido o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), onde são agrupados os principais tipos de solo que ocorrem no país de acordo com características específicas.
Com isso, é possível descrever e mapear os principais tipos de solo de cada região e facilitar o planejamento das atividades econômicas mais adequadamente.
No contexto agrícola, determinados tipos de solo têm aptidão para determinadas atividades e não suportam outras.
Exemplo disso é o cultivo de arroz irrigado por inundação que ocorre no sul do Brasil.
Essa atividade só é possível de realizar em solos mal drenados que impeçam a percolação de grandes quantidades de água, favorecendo a inundação da lavoura.
Por isso, se você possui interesse em conhecer mais sobre os tipos de solo que ocorrem no Brasil, os fatores que levaram a sua formação e as principais implicações práticas, continue lendo esse texto.
Fatores de formação dos diferentes tipos de solo
Como podemos explicar o fato de encontrarmos diferentes tipos de solo em uma região ou mesmo considerando áreas menores como uma lavoura?
Existem uma série de fatores que determinaram as características dos tipos de solo que encontramos hoje.
São eles o material de origem, o tempo, o relevo, o clima e os organismos vivos.
Todos esses fatores atuam em conjunto, porém vamos discuti-los isoladamente.
O material de origem corresponde à rocha matriz, ou seja, a rocha da qual o solo se formou e continua se desenvolvendo.
As rochas se diferenciam pela sua formação e por suas características físicas e químicas.
Deste modo, podemos dizer que o solo herdará propriedades físicas e químicas da sua rocha matriz.
Ademais, em geral, estima-se que demoram cerca de 300 anos para a formação de 1 cm de solo.
Logo, o solo não é um recurso renovável dependendo da escala de tempo utilizada e processo de degradação como a erosão devem ser mitigados urgentemente.
O tempo decorrente da exposição do material rochoso à superfície da crosta terrestre e da ação dos processos de intemperismo em diferentes intensidades afeta a paisagem e a formação dos diferentes tipos de solo.
A razão de Latossolos serem reconhecidos como tipos de solo velhos não quer dizer que o solo se originou antes do que um Chernossolo, por exemplo.
Nesse sentido, o clima representado pela grande intensidade de chuvas e temperaturas mais altas, resulta em tipos de solo mais imtemperizados, chamados popularmente de velhos.
O relevo influencia na dinâmica de erosão, ou seja, no transporte e deposição de partículas de solo de um local para outro.
Esse processo, em uma grande escala de tempo, causa grandes alterações na paisagem e nos tipos de solo.
O clima já foi mencionado e, principalmente, através das chuvas e da temperatura regula processos como a lixiviação de íons e atividade dos organismos.
Os organismos, inclui desde a ação dos líquens, reconhecidos como um dos primeiros colonizadores das rochas, até as atividades de plantas e animais.
Em regiões do cerrado, minhocas e cupins são capazes de movimentar grandes quantidades partículas através do perfil do solo em processo conhecido como bioturbação.
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
A partir da necessidade de agrupar os diferentes tipos de solo, com ocorrência no Brasil, em classes com características em comum, foi elaborado o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).
O enquadramento dos tipos de solo em determinada classe é baseado em características morfológicas, químicas, físicas e mineralógicos do perfil do solo.
Outras características do local, como o regime de drenagem, também podem ser consideradas na classificação.
Sendo assim, o SiBCS apresenta 13 tipos de solos, os quais ainda são subdivididos em outras subclasses as quais designam outras características.
Os 12 tipos de solo existentes são: Argissolos, Cambissolos, Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos, Nitossolos, Organossolos, Plintossolos, Planossolos e Vertissolos.
Por exemplo, um Gleissolo pode ser eutrófico ou distrófico em função de ter mais o menos do que 50% da capacidade de troca de cátions (CTC) saturada por bases, respectivamente.
Todos esses tipos de solo devem apresentar atributos e horizontes específicos que os caracterizam.
Nesse sentido, Latossolos e Nitossolos são semelhantes, pois os dois são solos profundos e sem gradientes texturais no perfil.
Entretanto, somente os Nitossolos apresentam cerosidade e possuem estrutura desenvolvida na forma de blocos angulares ou subangulares.
Os Argissolos, os Planossolos e os Luvissolos devem apresentar horizonte Bt no perfil, porém se diferenciam em características como a drenagem e a atividade de argila.
Em nível mundial, existem outros dois sistemas de classificação de tipos de solos amplamente utilizados.
São eles o Soil Taxonomy desenvolvido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e o WRB (World Reference Base) disponibilidados pela FAO (Food and Agricultura Organization).
Esses sistemas apresentam algumas diferenças quanto ao sistema usado por nós, porém é possível fazer a correspondência entre os tipos de solos.
Principais tipos de solo do Brasil
Não podemos considerar que um solo seja mais importante do que outro, pois todos desempenham funções produtivas e ecológicas importantes para o local onde estão inseridos.
Entretanto, os Latossolos são os tipos de solo mais abundantes no Brasil e, juntamente, com Argissolos e Neossolos ocupam cerca de 70% da área do país.
Esse fato deixa evidente um dos motivos de o Brasil desempenhar papel de destaque na agropecuária, sendo um dos principais produtores de grãos e um grande importador de fertilizantes.
Tanto Latossolos quanto Argissolos são tipos de solo com boa aptidão para os cultivos de culturas anuais produtoras de grãos como soja e milho.
Naturalmente, esses solos são ácidos e apresentam problemas de fertilidade, entretanto, são fatores facilmente resolvidos pelas práticas de calagem e adubação.
Os Organossolos são solos típicos de áreas mal drenadas, como banhados, as quais apresentam acúmulo de carbono orgânico em superfície.
Apesar desses solos possuírem pequena expressão geográfica, desempenha função ecológica importantíssima, uma vez que algumas plantas e animais são endêmicas desses ecossistemas.
O Sul do país é responsável por quase toda a produção de arroz do Brasil, o que acontece, majoritariamente, em sistema de irrigação por inundação.
Isso só é possível pelas características dos tipos de solo, principalmente Planossolos, Gleissolos e Chernossolos, e do relevo plano a suavemente ondulado.
Esses solos possuem características que os tornam mal drenados, impedindo ou restringindo a percolação da água no perfil, viabilizando a inundação do terreno.
Propriedades físicas e químicas dos principais tipos de solo do Brasil
Os Latossolos são um dos principais tipos de solo em termos de área e relevância agrícola.
Esses tipos de solo apresentam, usualmente, ótimas condições físicas, ou seja, boa drenagem, aeração, armazenamento e disponibilidade de água.
Por outro lado, em condições naturais, são solos ácidos e pobres quimicamente. Deste modo, é essencial a execução das práticas de calagem e adubação corretamente.
O teor de matéria orgânica é importante em qualquer solo agrícola, pois favorece a CTC, a agregação e o armazenamento de água.
Em Latossolos, o manejo capaz de preservar e aumentar os teores de matéria orgânica é ainda mais importante.
Isso ocorre porque esses solos apresentam a caulinita como principal argilomineral, sendo ricos em óxidos de Fe e Al.
Sendo assim, a matéria orgânica exerce um papel fundamental em aumentar a quantidades de cargas no solo.
Os Argissolos são tipos de solo profundos e podem ser perfeitamente e imperfeitamente drenados conforme sua inserção no relevo.
Em geral, também apresentam problemas com acidez e fertilidade.
Cores avermelhadas indicam condições de boa drenagem enquanto cores acinzentadas ocorrem em função da má drenagem.
Tais características resultam da dinâmica do Fe que em estado oxidado forma óxidos e confere coloração avermelhada e em estado reduzido torna-se solúvel e móvel no perfil, ocasionando tons acizentados.
A presença de horizonte Bt em subsuperfície pode conferir um impedimento físico à passagem de água e crescimento radicular, principalmente quando esse horizonte encontra-se mais próximo da superfície.
Os Neossolos são caracterizados pela ausência de horizonte B e são um dos tipos de solo mais comuns.
Neossolos ocorrem, geralmente, nas cotas mais altas do relevo e são solos considerados rasos, fato que nos obriga a ter restrições quanto ao seu uso.
Solos de áreas de várzea, como Planossolos e Gleissolos, apresentam baixa porosidade total, elevada relação Micro/Macroporos, baixa retenção de água e horizonte Bt em subsuperficie.
O fato desses solos possuírem baixa porosidade total e elevada relação micro/macroporos faz com que eles fiquem saturados em períodos chuvosos e sequem rapidamente em curtos intervalos de falta de chuva.
Por isso, o manejo dessas áreas é mais trabalhoso e estratégias como a semeadura na data recomendada para cada região são fundamentais.
Tipos de solo e uso agrícola
Os tipos de solo profundos e adequadamente drenados como Latossolos, Nitossolos e Argissolos não possuem restrições à exploração agrícola.
Esses tipos de solo possibilitam altas produtividades ao serem adubados e favorecem a exploração agrícola com culturas anuais produtoras de grãos.
Porém, não podemos esquecer de conservar o solo que é um recurso natural valioso para a nossa lavoura e, por isso, processos como a erosão devem ser mitigados.
A erosão é responsável por taxas alarmantes de perdas de solo quando não são adotadas práticas conservacionistas.
O revolvimento do solo e o “plantio morro abaixo” são capazes de acelerar bruscamente os processos erosivos
A exploração agrícola de Neossolos e Cambissolos é restrita, deve-se optar por práticas e atividades capazes de minimizar as perdas de solo nessas áreas.
Os Planossolos, Gleissolos, Vertissolos e Chernossolos são solos de terras baixas, aptos para o cultivo de arroz irrigado por inundação.
Os Chernossolos são ligeiramente melhor drenados do que os demais solos de terras baixas e apresentam ótima fertilidade natural. Entretanto, suas limitações são de ordem física.
O cultivo de culturas de sequeiro nessas áreas também é possível e bons resultados já foram evidenciados para soja, tais como produtividades de 3 ton ha-1.
Entretanto, devemos investir em drenagem e em cultivares resistentes ao excesso de água.
A semeadura de culturas de sequeiro nas áreas mais altas nas terras baixas (coxilhas) também é uma estratégia eficiente.
Percebemos que é importante conhecer e considerar os diferentes tipos de solo ao planejar a lavoura e o sistema de produção.
Isso pode evitar futuras frustrações e prejuízos.
Ademais, conforme os tipos de solos, existem cuidados e práticas que são importantes para viabilizar que alcancemos a produtividade e o lucro almejados.