O fluxo de caixa é o instrumento pelo qual é possível acompanhar as finanças, os investimentos e os rendimentos de uma empresa rural.

Desta forma, o fluxo de caixa é composto pelo registro de todas as despesas e dividendos de um empreendimento.

De modo geral, os gestores costumam resumir o fluxo de caixa da seguinte forma:

Fluxo de caixa é a representação financeira de uma atividade com fins comerciais, onde o valor correspondente aos dividendos (contas a receber) é subtraído das despesas (contas a pagar).

Se o fluxo de caixa apresentar um saldo positivo, isso significa que a empesa está obtendo lucro. Entretanto, se o fluxo de caixa for negativo, isso significa que há algo errado, pois a atividade está resultando em prejuízos financeiros.

Diante do exposto, percebe-se que o fluxo de caixa é uma ferramenta financeira que deve ser implementada em toda e qualquer atividade que vise a lucratividade.

Quando o fluxo de caixa está bem elaborado e atualizado, diversos benefícios podem ser obtidos em função dele, como por exemplo:

 

Redução de gastos desnecessários

O fluxo de caixa envolve a listagem de todas as despesas de uma atividade. Desta forma, os produtores conseguem “visualizar” de onde estão partindo os maiores gastos.

Isso permite que o corte de gastos desnecessários, ocorra de forma consciente. Sendo assim, se reduz e se otimiza o uso do capital no empreendimento.

Com mais dinheiro sobrando no fluxo de caixa, o produtor consegue investir em áreas de maior relevância, como:

  • Contratação de colaboradores.
  • Aquisição de máquinas e implementos.
  • Expansão da sua atividade, etc.

 

Melhoria na organização contábil

Com um fluxo de caixa organizado, o produtor tem uma ideia aproximada de quando e quanto vai precisar ter em dinheiro para pagar as contas.

Entretanto, quando as contas acumulam, isso significa que o potencial do fluxo de caixa não está sendo bem aproveitado.

Um fluxo de caixa bem elaborado permite que o gestor programe os seus pagamentos para os períodos de maior receita. Como por exemplo:

  • No final da safra de grãos
  • Ao final do período de engorda de animais
  • Após a colheita de frutas e verduras, etc.

Sendo assim, o gerenciamento das obrigações financeiras dentro do fluxo de caixa é fundamental para a manutenção da atividade.

 

Auxílio na tomada de decisão

O fluxo de caixa leva em consideração não só as despesas e receitas momentâneas. Mas também permite que sejam feitas previsões com base nos lucros ou despesas que estão por vir.

Portanto, o fluxo de caixa fornece uma visão sistêmica para auxiliar a gestão financeira no planejamento estratégico do Agronegócio, bem como na hora de tomar decisões.

Contas a pagar

As contas a pagar representam um dos itens mais importantes do fluxo de caixa, pois se as contas não são pagas em dia, muitas das atividades diárias da produção podem ser prejudicadas.

Por exemplo, se determinado produtor de gado leiteiro, por um descuido, esquecer de pagar a conta de energia elétrica, as consequências podem ser catastróficas, pois com o corte da energia elétrica, ele não terá como ordenhar as vacas em lactação e, muito menos, armazenar o leite nos resfriadores.

Em outras palavras, as contas a pagar são os compromissos que o produtor rural assume, para que seja possível manter a sua atividade em pleno funcionamento.

Sendo assim, você pode pensar que o problema do fluxo de caixa é a falta de dinheiro para pagar as contas, quando na verdade o maior problema está na falta de um planejamento eficiente, que indique o melhor período para pagá-las.

Veja abaixo algumas das vantagens do bom planejamento das contas a pagar.

 

Ganho de tempo

Quando as contas da sua propriedade estão organizadas em um fluxo de caixa, o produtor sabe o que deve ser pago em cada data.

Por causa disso, ganha-se tempo, visto que o pagamento destas contas pode ser programado com antecedência, o que evita atrasos e multas.

Além disso, o produtor pode otimizar o fluxo de caixa, programando todos os pagamentos para uma única data, evitando que ele perca tempo em filas de banco, com pagamentos em diferentes datas.

 

Melhor gestão financeira da propriedade

Somente através da organização das contas a pagar é que o produtor consegue realmente compreender para onde o seu dinheiro está indo.

Dentro do fluxo de caixa, as contas a pagar determinam a margem de lucro da atividade com o um todo.

Sendo assim, é de primordial importância a consulta das informações geradas pelo fluxo de caixa com certa regularidade, o que permite uma visão geral acerca da situação financeira do seu empreendimento rural.

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Contas a receber

Na manutenção do fluxo de caixa, também devem ser listadas as contas a receber e, que da mesma forma como as contas a pagar, devem ser atualizadas com frequência.

Somente a partir da contabilização geral das contas a receber é que se pode estimar o capital de giro disponível a partir do fluxo de caixa.

Desta maneira, sabe-se qual o melhor momento para organizar o pagamento das contas.

O monitoramento das contas a receber fornece subsídios para as tomadas de decisões dentro de uma empresa.

Para isso, estabelece-se a curto, médio e longo prazo qual será o capital disponível no fluxo de caixa. O qual é estimado, em função dos rendimentos originários de vendas a prazo, por exemplo.

Além disso, as contas a receber permitem a organização de outas informações, como:

  • Pagamentos a receber, descontos conferidos e juros aplicados
  • Clientes que pagam em dia
  • As contas a receber já vencidas e, a duração deste atraso
  • Os clientes que geram mais receitas e a frequência das vendas
  • Acompanhamento da frequência com que são feitos os pagamentos
  • A programação de as ações referentes a cobranças administrativas ou judicial.

De modo geral,

as contas a receber são dividendos que uma propriedade tem o direito de arrecadar.

Na prática, estes dividendos correspondem a comercialização da produção agrícola da propriedade, por exemplo: grãos, leite, carne, madeira e etc.

A organização das contas a receber permite que o produtor saiba com exatidão o melhor momento para planejar o pagamento de um boleto, a aquisição de insumos, aquisição de maquinário, pagamento de funcionários, entre outros.

É muito comum que os agricultores saibam na ponta da língua quanto venderam das suas produções.

Entretanto, os mesmos não sabem quanto receberam, ou melhor, quais foram os pagamentos que receberam.

O mercado dos produtos agropecuários é bastante inconstante, especialmente, para produtores que estão envolvidos em negociações/produções sazonais.

Pois dependendo da atividade agrícola, determinada propriedade realizará a comercialização de sua produção algumas poucas vezes por ano e em outros casos, diversas vezes por mês.

Um produtor de leite, por exemplo, está constantemente realizando negociações com laticínios, já que o preço do litro de leite sofre flutuações de acordo com o preço da ração, do dólar, da energia, etc.

Enquanto que, um produtor de trigo, realiza a sua negociação apenas uma vez ao ano e, o preço pago pelo grão varia em função da oferta e qualidade do produto.

Portanto, a manutenção das contas a receber envolve o controle de todos os dividendos da atividade. Por isso, é fundamental conhecer detalhadamente o fluxo de caixa.

Importância de ter capital de giro disponível

Muitas pessoas, até mesmo as mais experientes, confundem os conceitos de capital de giro e fluxo de caixa.

O Capital de Giro corresponde à quantidade de dinheiro que um produtor possui em caixa, e é calculado em função das contas a receber.

A sua denominação surgiu devido a sua funcionalidade, já que o capital giro serve para a manutenção de operações de receitas e despesas, durante determinado período de tempo.

Em outras palavras, o capital de giro serve para cobrir o “giro” ou a rotatividade do seu Agronegócio.

Já o Fluxo de Caixa corresponde aos dividendos e despesas realizados durante um determinado período.

O capital de giro é imprescindível para fazer seu negócio fluir, independe do tamanho da empresa. Por exemplo:

Um agricultor do estado de Goiás, produziu 100 toneladas de grãos de girassol, entretanto só conseguiu comercializar 75 toneladas.

As 25 toneladas restantes, estavam ociosas no seu silo.

Este produtor rural então, decidiu comercializar os grãos restantes com uma empresa de processamento de óleo de girassol.

Entretanto, esta empresa lhe informou que só poderia pagar pelos grãos quando tivesse comercializado parte do óleo processado.

Sendo assim, estipularam um prazo de 3 meses até que fosse pago a primeira parcela referente às 25 toneladas de girassol.

Neste contexto, para que o agricultor de Goiás mantenha a sua propriedade em funcionamento, é necessário que exista um capital de giro disponível.

Este capital, deve ser suficiente para o pagamento de todas as suas despesas durante o prazo de 3 meses solicitados pela processadora de óleo.

Em resumo, o capital de giro é o capital necessário para manter todas as despesas financeiras que movimentam as operações diárias da empresa, como:

  • Salário de funcionários
  • Contas de água, luz, telefone, internet, etc.
  • Combustível
  • Insumos
  • Ração, etc.

Quando o fluxo de caixa é deixado de lado, as propriedades tendem a operar com baixo capital de giro, ocasionando consequências desastrosas, que podem resultar, na interrupção das atividades e na falência do negócio.

Dicas para melhorar o fluxo de caixa

Até agora, nós discutimos neste artigo a importância da organização de um fluxo de caixa pra uma empresa rural.

Pensando nisso, elaboramos algumas dicas que possibilitam o melhor desempenho do fluxo de caixa.

 

Faça uma lista organizada de todas as contas a receber e a pagar

Este é primeiro passo para iniciar o seu controle do seu fluxo de caixa e o mais importante.

Muitos gestores preferem fazer uma classificação destes itens, como por exemplo:

  • Gatos com insumos
  • Salário de colaboradores
  • Combustível
  • Venda de grãos, leite, cabeças de gado, etc.

Somente com um fluxo de caixa bem organizado e classificado é que é possível a visualização dos gastos por setor. Possibilitando a percepção de ode estão as maiores despesas e possíveis cortes.

 

Sempre que possível, antecipe o pagamento das contas

A antecipação dos pagamentos é uma estratégia que evita a cobrança de juros.

Sendo assim, se você tiver dinheiro sobrando no seu fluxo de caixa aproveite a oportunidade.

Além disso, alguns fornecedores de matéria prima e insumos fornecem descontos por conta do adiantamento dos pagamentos.

 

Renegocie as dívidas ao sinal de qualquer dificuldade

Nós sabemos que inconvenientes acontecem com frequência na produção agropecuária.

Por exemplo, um longo período de seca pode fazer a produção de grãos diminuir.

Desta maneira, é recomendável que o produtor rural não espere as contas atrasem.

Se ele sabe que em determinado período, o saldo no fluxo de caixa será baixo ou negativo e, mesmo assim, tem um pagamento agendado, a melhor opção é renegociar a dívida.

Antes de adquirir insumos, pesquise os preços

Por mais que está dica pareça óbvia, muitos produtores estão tão condicionados a comprar em um mesmo lugar, que esquecem de verificar o preço dos insumos em outros fornecedores.

Através de uma pesquisa de preços, além de economizar, o produtor acaba conhecendo melhor o mercado e expande as opções.

Técnicas de Vendas e Marketing no Agronegócio
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