Responda rápido: você possui as competências que as empresas do Agronegócio procuram?
Sua empresa rural tem clareza sobre as competências necessárias para seus colaboradores (atuais e futuros)?
Se a resposta foi negativa, você e a sua empresa rural estão em sérios riscos!
A recente revolução que aconteceu no Agronegócio trouxe mudanças gigantescas que permitiram ao empresário rural obter ganhos que não imaginava em sua lavoura, como o uso de novas tecnologias em máquinas e implementos, o avanço em produção de sementes mais resistentes a pragas e mais adaptadas, o conhecimento mais aprofundado sobre o correto manejo do solo, o uso de softwares para a coleta e armazenamento de dados da empresa rural, entre outros exemplos.
Porém, esses ganhos começam a ficar limitados pelo simples fato de que sem a gestão sistêmica desses itens, tudo pode se perder.
O olhar tecnicista, focado somente para a lavoura, precisa agora também ser direcionado para a busca de profissionais que consigam tirar informações estratégicas desse “pacote tecnológico”.
Ainda predomina em muitas empresas rurais o olhar “tayloriano”, de que seus profissionais são máquinas com grande foco em produtividade.
A maioria das empresas do Agronegócio sequer têm o olhar tradicional da gestão de pessoas, aquele que tem o foco na descrição das tarefas que os profissionais devem executar enquanto ocupantes de cargos dentro do Agronegócio.
Atualmente, empresas do Agronegócio que estão em sintonia com a moderna gestão de pessoas buscam por profissionais que tenham competências necessárias para colocar em prática as estratégias da empresa.
Por outro lado, os profissionais do Agronegócio que entendem que a gestão de suas carreiras não pertence mais às empresas, oferecem seus conhecimentos para ajudar na solução dos problemas que as empresas rurais enfrentam.
Por isso, leia atentamente este artigo e descubra mais sobre as competências para o Agronegócio:
- O que são competências?
- Como contratar profissionais pelas suas competências?
- Processo tradicional x processo por competência profissional
- As competências mais procuradas no Agronegócio
1. O que são competências?
Quando se busca um profissional, a primeira coisa que um gestor precisa ter em mente é: “esse profissional tem capacidade de resolver os problemas de minha empresa rural“?
Na verdade, ao se perguntar isso, o que o gestor realmente quer saber é: esse profissional tem conhecimentos, habilidades e atitudes alinhadas com o que a empresa/cargo pede?
Se a resposta for positiva, então esse profissional tem competência suficiente para trabalhar nesta empresa ligada ao Agronegócio.
Logo, competência profissional é o resultado da soma dos conhecimentos (outras experiências, cursos, formação técnica, etc…), habilidades (capacidade do profissional de colocar em prática esses conhecimentos), e atitudes (comportamentos que são necessários para fazer parte do ambiente organizacional), comumente chamados de CHA.
As empresas que atuam no Agronegócio precisam entender sua cultura organizacional, seus princípios e valores, para desenhar quais competências seus colaboradores devem ter.
Essas competências podem ser competências essenciais (todos da empresa devem ter, independentemente do nível hierárquico) ou competências específicas (definidas de acordo com o que cada cargo requer para o bom desempenho da função).
No mercado existem outras terminologias, além dessas, para classificação das competências, utilize a que mais seja familiar para o seu negócio.
2. Como contratar profissionais pelas suas competências?
Você já se perguntou por que as empresas não conseguem contratar profissionais ideais para os cargos oferecidos?
Esse problema ocorre basicamente da dificuldade das empresas do Agronegócio em agregar, além do foco técnico, o olhar para pessoas.
Repensar o negócio com o foco estratégico em pessoas não é tarefa fácil, pois passa por questões estruturais e por mudanças que nem todos querem que aconteçam.
Existe também a questão de falta de conhecimento dessas empresas sobre como começar da melhor forma, ou da forma correta, essas mudanças.
Não tem como “apertar um botão” e tudo muda.
Esse processo leva tempo, e obviamente conflitos e erros acontecerão (como em todo processo de aprendizagem). Porém os resultados a médio e longo prazos são extremamente compensadores.
Uma dica é começar olhando para a cultura organizacional da empresa rural.
Caso os tomadores de decisão dentro da empresa rural não se sintam seguros, outra dica é contratar uma empresa de consultoria confiável que possa dar a assessoria necessária.
Proprietários rurais que não possuem a visão empreendedora de que sua atividade rural é um negócio e que sua propriedade rural é uma empresa possuem maior dificuldade em selecionar profissionais por competências.
E essa falta de visão empreendedora traz como consequência a não criação de departamentos (por exemplo RH, suprimentos, etc…) que façam um planejamento de longo prazo para a empresa rural.
3. Processo tradicional x processo por competências
Pensar uma empresa do segmento do agronegócio de forma diferente de uma empresa de outro segmento é uma forma equivocada de análise, pois pode (e deve) ter uma estrutura formal como empresas de outros setores.
Toda empresa deve ter um desenho (descrição) formal de seus cargos para que busque no mercado o profissional ideal ou, quando houver treinamento, aquele que tenha mais capacidade de desempenhar bem esse papel dentro do cargo a ser ocupado.
Ocorre que no modelo tradicional a descrição de cargos termina na descrição das tarefas e no modelo de gestão por competências termina no comportamento (atitudes).
Isso reflete no bom andamento do ambiente organizacional, na redução de perdas, na diminuição do retrabalho e, consequentemente, na otimização de resultados.
Infelizmente, as empresas rurais ainda insistem que o foco principal de um cargo é simplesmente executar tarefas rotineiras (aplicar conhecimento), e que o comportamento do profissional não é relevante para o sucesso da empresa do agronegócio.
Nesse caso, a forma de contratar/treinar busca somente o profissional que seja capaz aplicar seus conhecimentos (experiência), sem entender sua interação com o ambiente organizacional.
Por esse motivo,
A maioria das empresas do Agronegócio contrata pelo conhecimento e demite pelo comportamento.
Este modelo tradicional de se vislumbrar o processo de gestão de pessoas está sendo substituído pelo modelo de gestão por competências, pois o modelo tradicional já não ajuda mais na sobrevivência da organização rural.
É necessário o entendimento que somente a soma dos esforços para atingir as metas de interesse de toda a organização é que permitirão que essa empresa rural tenha sucesso.
Entender quais competências são necessárias para que o cargo seja preenchido por um profissional não é tarefa fácil, e necessita que a empresa do Agronegócio tenha o entendimento necessário de que gerir pessoas é um caminho sem volta!
4. As competências mais procuradas no Agronegócio
Uma pergunta que uma empresa do Agronegócio deve fazer no momento de contratar um profissional é: quais são competências ideais para o meu negócio rural?
Se por um lado é importante deixar claro que não existe uma receita pronta das competências ideais para cada negócio, por outro também não existem tantas competências distintas que, dentro de um leque, não se encaixem em uma organização de um mesmo segmento.
Em alguns casos, determinadas competências são sinônimos ou estão dentro de uma competência maior.
A seguir, listamos algumas competências que as empresas do Agronegócio têm buscado em seus processos seletivos, mas ressaltamos que as competências não estão classificadas por grau de importância, e que cada organização pode “escolher” dentre as citadas apenas algumas, ou até mesmo buscar outras competências fora dessa lista, que atendem de fato suas necessidades.
Boa capacidade de comunicação
É possível afirmar que a maior dificuldade de toda e qualquer empresa é ter uma comunicação eficiente.
Por mais que invistam em melhorias no processo de comunicação, boa parte das empresas do segmento do Agronegócio tem essa competência em sua descrição de cargos.
O profissional que possui esta competência profissional leva vantagem sobre os demais concorrentes no processo de seleção.
É importante lembrar que a boa capacidade de comunicação não é simplesmente falar bem, sem erros, mas principalmente identificar corretamente o receptor da informação para que a mensagem seja bem entendida.
Isso serve tanto para comunicação formal ou informal.
Visão sistêmica
A figura do profissional que entende tudo da sua área ou departamento, porém não consegue (ou não sabe) como suas ações podem gerar resultado para o negócio como um todo é muito comum em empresas do Agronegócio.
Esse entendimento sistêmico é fundamental pela inter-relação e interdependência dos setores da empresa rural.
As empresas do Agronegócio têm focado na busca de profissionais com esse perfil, visto que estes, por conseguir enxergar o negócio completo, naturalmente são mais comprometidos e preocupados.
Até recentemente, tratavam visão sistêmica como visão holística.
Proatividade
Competência rara nos profissionais do Agronegócio, esta competência faz com que os possíveis problemas sejam evitados se antecipando a eles, ou que ações que possam gerar ótimos resultados aconteçam.
É comum as empresas do Agronegócio trabalharem em demasiado de forma reativa, reflexo talvez da falta de planejamento, e em partes pelas variáveis incontroláveis.
Isso gera, entretanto, grandes perdas a essas empresas rurais.
O profissional proativo consegue se antever a situações futuras evitando perdas e desperdícios, otimizando resultados.
Planejar corretamente, coletar informações do ambiente, saber delegar, trabalhar em equipe são alguns dos pré-requisitos para essa competência profissional.
Bom relacionamento interpessoal
As empresas rurais que estão focadas em pessoas, gostam de gente.
Logo, os profissionais que estão nesta empresa rural devem gostar também.
Além de interagir, se comunicar, e se relacionar bem com os pares (superiores ou subordinados), é primordial para que a empresa rural tenha um bom clima organizacional.
Empatia
Lidar com pessoas não é nada fácil, pois todos passamos por alterações emocionais.
Dentro da equipe, a cada dia, o gestor deve tirar o máximo de resultado sem que a pressão gere problemas pessoais.
O que o líder deve ter sempre em mente é a sua capacidade de se colocar no lugar de seu subordinado, para entender não somente as dificuldades dentro do processo organizacional, mas também situações extra-empresa que podem afetar diretamente a produtividade do profissional.
Da mesma forma, subordinados precisam compreender as pressões por resultados a que seus supervisores são constantemente submetidos.
Resiliência
Superar traumas, reverter situações adversas, ir além das capacidades que se imagina, e transformar desafios em motivação são características marcantes nos profissionais resilientes.
Quando tudo está bem, tudo está dando certo, qualquer um é bom profissional. São as crises e as adversidades que revelam os profissionais que realmente fazem a diferença na empresa rural.
Por isso, a competitividade do Agronegócio exige das organizações a busca por times de profissionais com essa competência.
Capacidade analítica e estratégica
A quantidade de informações geradas no dia-a-dia das empresas do Agronegócio é fantástica.
A revolução tecnológica permitiu, por meio do big data, que uma grande quantidade de informações possam ser geradas e armazenadas de forma organizada.
Porém essa revolução tecnológica no Agronegócio ainda não foi capaz (mesmo com sistemas interativos, business intelligence, inteligência artificial, etc…) de transformar essas informações em tomadas de decisões eficientes.
O profissional com essa competência tem capacidade de extrair as informações certas e tomar decisões que permitam resultados ótimos, alta performance, e vantagem competitiva para a organização do Agronegócio.
Feedback
Essencial para a gestão de equipes de alta performance, o feedback contribui para a melhoria da motivação da equipe (feedback positivo), bem como para que os erros não se repitam (feedback negativo).
A falta dessa competência, principalmente em líderes da empresa do Agronegócio, tem a capacidade destrutiva de uma bomba atômica.
Tomada de decisão
De um jeito ou de outro, a decisão sempre irá ocorrer. Cabe ao profissional ser o tomador da decisão ou o reflexo dela.
Saber buscar informações do ambiente e tomar decisões que gerem reflexos dentro da empresa é uma competência que ajuda a formar um profissional competente.
Capacidade de Liderança
Em raras organizações do Agronegócio existem equipes autogerenciáveis.
O que predomina no mercado, principalmente no Agronegócio, são equipes que necessitam de direcionamento constante para atingir os resultados desejados.
A busca por profissionais que tenham capacidade de elevar o nível da performance de uma equipe é grande, porém nem todo profissional consegue desenvolver ou já possui essa competência.
Existe uma forte discussão no mercado, ainda inconclusiva, se o líder é nato ou se pode ser desenvolvido.
Inteligência emocional
Juntamente com a resiliência, esta competência profissional é uma das mais buscadas pelas organizações modernas.
Porém, na realidade, a inteligência emocional não é uma competência única, mas a soma de um conjunto de competências ligadas diretamente à capacidade de conhecer e gerenciar os seus sentimentos e os dos outros ao seu redor.
Talvez as competências resultantes da inteligência emocional sejam o equilíbrio e a maturidade, competências também exigidas pelas organizações do Agronegócio.
Para finalizar tenha sempre tenha em mente o seguinte:
– Conheça a empresa rural e cultura organizacional dela;
– Não existe receita pronta para a gestão por competências;
– Ter o foco em pessoas é um caminho sem volta!