A gestão da propriedade rural está passando atualmente por um processo de transição, de um modelo em que os produtores rurais geralmente se baseava na experiência e na intuição, para um modelo com planejamento, controle e monitoramento dos processos, e delegação de funções.
Por isso, renovar o modelo de gestão da propriedade rural por meio de uma autoavaliação honesta e detalhada é fundamental para a sustentabilidade do seu negócio rural, já que toda empresa — e a propriedade rural deve ser vista como uma — precisa ter lucro e dar o devido retorno aos investidores.
A organização dos processos da propriedade rural também facilita o processo de transição do negócio rural de uma geração a outra.
No cenário atual, alguns produtores se veem obrigados a se contentar com margens estreitas de lucro, ao mesmo tempo em que são cobrados cada vez mais pelo mercado, pois a competitividade no setor de agronegócios aumenta mesmo em meio à crise.
A boa gestão da propriedade rural está diretamente relacionada com o aperfeiçoamento das estratégias adotadas pelo produtor rural para que seu negócio rural possa reduzir custos de produção e alavancar os lucros.
Desta forma, a gestão da propriedade rural é um grande diferencial competitivo, pois permite que o produtor rural empreenda com segurança por meio do controle das atividades.
Saber os custos de produção, ter táticas de venda, planejamento de compras e utilizar softwares — desenvolvidos especialmente para o agronegócio! — como formas de monitoramento fazem parte de um bom modelo de gestão da propriedade rural.
A seguir, apresentamos 6 dicas práticas para você otimizar a gestão da sua propriedade rural.
1. Conheça seus custos de produção
“O que não é medido, não é gerenciado.”
A citação acima, atribuida tanto a Robert Kaplan quanto a David Norton, autores da metodologia de medição BSC Balanced Scorecard (Indicadores Balanceados de Desempenho, em português), ressalta a importância de indicadores como métrica para qualquer tipo de gestão, pois são eles que permitem a otimização dos processos de forma inteligente: baseando-se em resultados reais!
Conhecer os custos de produção agrícola por meio do monitoramento das condições da atividade rural faz com que você, gestor do agronegócio, conheça os indicadores e saiba se está no caminho certo ou se precisa fazer alterações de planejamento.
Sem essas informações o negócio rural pode parecer estagnado ou até perder capital com o tempo.
Assim, as anotações de produção, como entradas e saídas, são fundamentais durante o processo de monitoramento e para conseguir responder perguntas como:
– Como você gasta?
– Quando você gasta?
– Quanto você gasta?
– Em quais áreas você gasta?
O controle das finanças é essencial para a boa gestão da propriedade rural, já que a saúde financeira do seu negócio rural depende disso.
Conhecer os custos (de transporte, produção, insumos, etc.) vai auxiliar você, produtor rural, a tomar as melhores decisões no presente e a projetar para o futuro.
As despesas e a receita poderão, com o tempo, ser previstas, o que também facilita correções em possíveis desvios de organização.
2. Delegue funções e controle seus processos
Muitas funções concentradas em uma só pessoa tendem a prejudicar qualquer tipo de negócio, seja ele urbano ou rural.
A falta de delegação gera dificuldades, e a gestão da propriedade rural acaba apresentando sérios problemas, impedindo o crescimento do seu Agronegócio.
Lembre-se que delegar funções evita o comprometimento dos resultados, pois permite que pessoas capacitadas cuidem de cada parte da atividade rural.
Desta forma, não há sobrecarga e os indicadores apresentam melhores resultados, tanto para os gestores quanto para os investidores.
Adote critérios para a contratação de colaboradores e saiba no que cada um se destaca.
As atividades agrícola e pecuária, assim como o planejamento de estoque, por exemplo, demandam cuidados diferentes, e nem sempre a mesma pessoa estará apta e terá os conhecimentos necessários para cuidar de todas as áreas de sua propriedade.
Veja quais são as pessoas, dentro do seu quadro de funcionários, mais qualificadas para:
– atualizar os dados de gestão — entrada e saída;
– recolher notas fiscais;
– operar máquinas agrícolas;
– cuidar do estoque;
– comprar insumos;
– cuidar da semeadura e da colheita;
Faça um organograma simples com o nome dos responsáveis pela parte da administração, agricultura, manutenção, entre outros.
Quando algo der errado em alguma dessas áreas, você vai saber com quem conversar.
Isso é bom tanto para o gerenciamento geral como também para a comunicação e a boa vivência da equipe.
Os diferentes processos dentro de uma propriedade rural, como operações de estoque e de compra de insumos, podem ser gerenciados por meio de planilhas ou softwares especializados.
Mesmo sendo um pequeno ou médio proprietário rural, pesquise a solução mais adequada para o negócio rural, e tenha esses indicadores como peças fundamentais em sua gestão.
Esteja pronto para mudar processos que já não se mostram úteis ou não apresentam bons resultados em números.
Considere as questões abaixo:
– Qual é o ganho de peso de cada lote de animais este mês?
– Quantas horas cada máquina agrícola já trabalhou?
– Qual é a produtividade média de cada talhão?
– Quais são os itens do seu estoque, e em que quantidade possui cada um deles?
– Quais são as principais competências de cada colaborador da propriedade rural?
Teve dificuldade para responder a essas perguntas?
Se a resposta for afirmativa, significa que a gestão está comprometida e você não detém as informações necessárias para um bom planejamento.
Esse planejamento pode ser feito de diferentes formas pelo produtor rural.
No planejamento anual é interessante saber os meses nos quais ocorrerá, por exemplo, a desmama, a vermifugação, a vacinação, o preparo do solo, a adubação, a compra de insumos etc.
Esse planejamento anual, por sua vez, pode ser fragmentado em um planejamento mensal, com datas específicas para diferentes tipos de atividades.
Analise a melhor forma de se organizar e comece já!
3. Mude sua postura e sua visão como gestor
É importante estar aberto a uma mudança de postura. Sair do lugar de produtor rural e se colocar como empresário rural pode alavancar seus lucros.
Entenda que o Agronegócio abrange também práticas de indústria e comércio, e deve gerar resultados como qualquer empresa urbana.
A boa gestão da propriedade rural exige planejamentos que só um bom empreendedor pode colocar em prática.
É preciso desenvolver a conscientização em relação a um sistema de processos baseados em informações precisas que, com o tempo, ajudam a fornecer melhores resultados e maiores lucros.
É a busca por uma gestão mais potente e estratégica, que não depende apenas da sua experiência, mas sim de dados reais.
Outros setores empresariais e outros setores da economia podem oferecer estratégias e ações que podem ser adaptadas com sucesso para o campo.
Você, o gestor do Agronegócio, deve ter um olhar mais abrangente sobre as atividades rurais — analisar o mercado e questões econômicas dará outra perspectiva às produções.
Se atualizar por meio de cursos da área também é uma boa estratégia, visto que o Agronegócio está em processo constante de mudança, e é um dos setores que mais cresce no país.
Acompanhar as novidades do mercado e se posicionar, buscando formas diferentes de fazer aquilo que se faz todos os dias, é um diferencial competitivo que, ao final, reflete em bons números.
Acompanhar as questões tecnológicas não precisa ser mais um problema para você, produtor rural, se preocupar — contrate uma equipe preparada e ofereça cursos para melhorar ainda mais os processos de produção e colheita.
Veja sua propriedade rural como uma empresa!
4. Faça o mapeamento de todo o processo produtivo
A delegação de funções é fundamental para a boa gestão da propriedade rural, como já discutimos aqui.
Porém é necessário conhecer o processo produtivo tanto pelo que ele representa para o Agronegócio como para saber quem são os melhores profissionais para cuidar de cada área dentro de suas terras.
E o que faz parte desse processo e é fundamental para a organização do planejamento?
– alimentação dos animais;
– reprodução;
– a janela ideal de semeadura e colheita;
– o dimensionamento correto do número de máquinas e implementos;
– o monitoramento e o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas;
– as boas práticas de produção agrícola;
Para modificar a realidade, é necessário que se conheça a realidade, certo?
Pesquisar as melhores sementes e utilizar os melhores equipamentos, por exemplo, vão garantir que o produto que chega ao mercado, ao feirante e ao consumidor, após o estágio de processamento e distribuição que acontece “depois da porteira”, seja o melhor.
Conhecer o processo produtivo também auxilia em questões fundamentais de gestão:
– O que produzir?
– Como produzir?
– Quando produzir?
– Quanto produzir?
É muito importante olhar para fora da porteira, ou seja, para além da sua propriedade rural, e entender as necessidades do mercado e planejar de acordo com elas.
5. Invista em softwares voltados ao Agronegócio
É importante ressaltar a gestão sistematizada para a otimização dos processos. Investir em um bom software, que forneça dados concretos e de forma simplificada, pode melhorar significativamente suas estratégias e alavancar seus lucros.
O lucro nas atividades agrícola e pecuária é obtido por meio da compra de insumos de forma estratégica, aplicação de conhecimentos técnicos para garantir a boa produção no tempo certo, venda estratégica (com preços satisfatórios!), entre outros.
Porém, há muitos fatores que podem atrapalhar esses processos, como:
– clima;
– fertilidade do solo;
– pragas;
– genética;
– comportamento do gado;
– doenças;
– colaboradores com mais de uma função;
-finanças;
O controle manual pode apresentar muitas dificuldades para uma gestão estratégica, pois são muitos dados e muitas áreas para se gerenciar.
Por isso cada vez mais a tecnologia se apresenta como solução para os problemas de pequenos, médios e grandes gestores.
Invista na Agrointeligência!
Entretanto, o gestor do Agronegócio precisa se atentar aos preços e funções de cada software, assim como a facilidade de uso — muitas funcionalidades podem acabar confundindo o usuário ao invés de otimizar o gerenciamento de informações.
E lembre-se de manter todos os dados atualizados!
Saber o que você investiu em sua propriedade e o retorno que ela está dando é peça chave para a otimização dos processos e para a obtenção de lucros.
6. Renove suas estratégias e faça uma autoavaliação
Renovar suas estratégias periodicamente é fundamental para que as atividades rurais sejam cada vez mais produtivas e para que você, gestor do Agronegócio, consiga bons resultados.
Ser produtivo sem ter bons preços não é viável para sua empresa rural, visto que a competitividade é grande e o mercado não dá o suporte necessário para quem sai da margem de valor aceitável, não é mesmo?
Como já mencionado, a presença de indicadores reflete uma boa gestão, pois permite que o produtor conheça seus números e consiga adotar atitudes criativas que os favoreçam, o que por sua vez resulta no crescimento do seu negócio rural e em uma maior lucratividade.
Veja se você já parou para analisar as oportunidades abaixo:
– intensificação do uso do solo;
– integração das atividades dos sistemas de produção;
– diversificação dos produtos.
Além das atividades de agricultura e pecuária, pode-se adotar também o manejo florestal, por exemplo, com a inclusão de atividades de manejo de produtos madeireiros e não madeireiros — desde que com a autorização de órgãos competentes.
Essa é só uma das oportunidades existentes para renovar suas estratégias e para diversificar suas atividades rurais.
Algumas propriedades rurais estão cultivando hoje cinco a seis culturas na safrinha (como milho, milho de pipoca, girassol, grão-de-bico, feijão, feijão-caupi, entre outras possibilidades!)
Analise os resultados e faça uma autoavaliação de todas as suas estratégias e processos utilizados, mesmo aqueles que são usados há gerações.
Considere tudo o que é feito dentro e fora da propriedade rural — desde os produtos cultivados até o gerenciamento dos colaboradores da sua empresa rural e a entrega do seu produto aos compradores.
O empreendedorismo exige coragem para avaliar seus processos, ser honesto com o que não produz bons resultados e mudar as estratégias adotadas.
Essas atitudes favorecem também a futura transição do negócio rural para uma nova geração, a qual já conhecerá as melhores práticas, estratégias e a importância da renovação e da autoavaliação.
Isso auxiliará também em questões emocionais e do núcleo familiar, para que se saiba separar os âmbitos de empresa rural e de lar.
Você já adota alguma dessas práticas ou tem sugestões para otimizar ainda mais a gestão de propriedades rurais?
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