Os micronutrientes são elementos essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, porém, são exigidos em pequenas quantidades (alguns miligramas por kg da matéria seca produzida).

Isso ocorre porque esses elementos não são constituintes estruturais dos tecidos vegetais, mas atuam como componentes ou ativadores de algumas enzimas.

Sendo assim, com a deficiência dos micronutrientes, há o comprometimento da qualidade e quantidade da produção da sua lavoura.

Os seguintes elementos são considerados micronutrientes: Cu, Fe, Mn, Ni, Zn, Cl, Mo e B.

Alguns elementos, como o Co e o Si, têm sido caracterizados como benéficos às plantas. Porém, não atendem aos critérios de essencialidade.

Os efeitos de elementos benéficos estão relacionados a fatores como maior resistência às doenças, por exemplo.

A deficiência de micronutrientes é rara em comparação com os macronutrientes, mas pode ocorrer.

Os fatores que mais comumente induzem a falta dos micronutrientes são a inexistência deles em quantidades suficientes no solo, estarem em formas não disponíveis às plantas e pela presença excessiva de outros elementos.

Os sintomas da carência de determinado micronutriente são dificilmente verificados visualmente, pois são semelhantes aos causados pelos macronutrientes ou pelo ataque de doenças.

Para diagnosticá-la, é necessário realizar a análise de solo ou de tecidos da planta.

A análise de solo é a nossa melhor ferramenta de detecção de deficiências nutricionais na lavoura, pois é realizada com antecedência ao cultivo.

Deste modo, é possível corrigi-la antes que possíveis efeitos deletérios ocorram nas plantas.

Já a análise de tecidos, só poderá ser realizada quando as plantas já estão implantadas na lavoura e sujeitas à eventuais deficiências nutricionais.

Por isso, a análise de tecidos vegetais é viável em cultivos perenes como os de espécies florestais ou em estudos que visem a absorção de determinados elementos.

Nesse texto, discutiremos as dinâmicas dos micronutrientes no solo e na planta, assim como as principais estratégias de adubação para garantir a fertilidade do solo.

Por isso, continue a leitura!

Fatores que afetam a disponibilidade de micronutrientes

No contexto da sua lavoura, são vários os fatores que podem afetar a disponibilidade dos micronutrientes às plantas.

Porém, alguns fatores como o pH e o conteúdo de matéria orgânica impactam mais diretamente a disponibilidade dos macros e micronutrientes às plantas.

O pH dos solos agrícolas é naturalmente ácido e a calagem aliada à adubação são práticas imprescindíveis para a produção da sua lavoura.

A calagem objetiva elevar o pH à uma faixa onde todos os nutrientes encontram-se com disponibilidade adequada às plantas. Essa faixa, em geral, vai de 6,0 a 7,0.

 

Calagem: disponibilidade de nutrientes na solução do solo

 

Como você percebe no gráfico acima, ocorre diminuição da solubilidade e disponibilidade de Cu, Zn, Fe e Mn em valores altos de pH.

Por outro lado, na mesma condição, a disponibilidade de Mo e Cl é aumentada.

A matéria orgânica do solo (MOS) influencia a capacidade de troca de cátions (CTC) e a mineralização dos nutrientes, impactando a dinâmica dos macros e micronutrientes.

Embora o aumento da MOS possa estar relacionado com o aumento do teor de alguns micronutrientes, os solos com teores elevados dela são os que, mais frequentemente, apresentam deficiência.

Isso pode ocorre pela habilidade da MOS fixar fortemente alguns micronutrientes, como ocorre com o Cu em solos orgânicos ácidos.

A textura do solo também influencia diretamente a adsorção e disponibilidade dos micronutrientes.

Em solos arenosos, geralmente, há menor CTC, ocasionando intensa lixiviação e menores teores de B, Cu, Mn, Mo e Zn no perfil do solo.

Existem outros fatores que em condições específicas e um pouco mais raras regulam a disponibilidade dos micronutrientes.

Dentre eles, estão a atividade microbiana, a drenagem dos solos, as condições de oxirredução e as condições climáticas.

A disponibilidade de Fe e Mn é aumentada em solos saturados, onde os processos de redução predominam. Nesse caso, os teores solúveis desses nutrientes podem causar toxidez.

A toxidez por Fe era comum nas lavouras de arroz irrigado do sul do Brasil, por isso, diversas cultivares atuais são resistentes ou tolerantes à teores elevados do nutriente.

Em temperaturas elevadas do solo, a absorção dos nutrientes é favorecida, enquanto as temperaturas baixas diminuem a taxa de mineralização da MOS, decrescendo a liberação de micronutrientes nela imobilizados.

Ademais, os micronutrientes podem ser adicionados de forma secundária ao solo por meio de adubação visando outros nutrientes.

O KCl, que é utilizado como fonte de K, também acaba disponibilizando Cl. As rochas fosfatadas, ao serem processadas para a formação de adubos solúveis, também podem conter e disponibilizar micronutrientes.

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Formas de absorção, incorporação e mobilidade dos micronutrientes

Você pode conferir as formas como os micronutrientes são solúveis e absorvidos pelas plantas, assim como sua mobilidade nos vegetais na tabela abaixo:

 

Micronutrientes: efeitos na produtividade e necessidade de adubação

 

Somente o B e Mo não são absorvidos e incorporados nas suas formas iônicas.

O Cl não é apresentado na tabela, mas tem grande mobilidade no interior das plantas.

Com exceção do Cl e do Mo, todos os micronutrientes são considerados imóveis nas plantas e, por isso, seus sintomas de deficiência são observados, primeiramente, nas folhas mais novas.

Quando o pH não se encontra na faixa adequada para a disponibilidade dos micronutrientes, eles podem formar precipitados ou ser imobilizados pela MOS, por exemplo.

Por outro lado, o B pode ter sua disponibilidade diminuída em pH fora da faixa adequada (muito alto ou baixo) pela diminuição da mineralização da MOS, diminuindo a liberação desse nutriente.

As plantas possuem duas estratégias de absorção de Fe.

Grande parte das gramíneas absorve Fe apenas quando quelatado por fitossideróforos (moléculas que possuem grande afinidade por Fe3+).

As demais plantas absorvem Fe através de mecanismos de acidificação e redução do elemento para torná-lo mais solúvel.

Concentrações e funções dos micronutrientes nas plantas

Você pode observar a concentração média, as funções e as características de deficiência, de forma resumida e generalizada, dos micronutrientes nas plantas na tabela a seguir:

 

Micronutrientes: efeitos na produtividade e necessidade de adubação

 

Podemos confirmar que esses elementos considerados micronutrientes ocorrem em concentrações baixas e não têm função estrutural nos tecidos vegetais.

Portanto, as principais funções desses nutrientes estão relacionadas à constituição ou à ativação de enzimas.

Na prática, os primeiros sintomas de deficiência de um micronutriente específico são difíceis de distinguir das reações à carência de outros nutrientes ou de ocorrência de doenças.

Por isso, o mais adequado é que você realize o diagnóstico da fertilidade do solo por meio de coleta de amostras e envio ao laboratório mais próximo em tempo hábil.

O Fe, embora seja exigido em pequenas quantidades pelas plantas, é o quarto elemento mais abundante, compondo cerca de 5% da crosta terrestre.

Dentre os micronutrientes, o Fe é o requerido em maiores quantidades. Esse elemento participa de diversas reações de transferência de elétrons em virtude da habilidade de se converter nas formas oxidada e reduzida em reações redox conversíveis.

Interpretação dos teores de micronutrientes

Com a posse do laudo de análise do solo, você tem condições de executar a decisão de fazer a adubação considerando ou não a deficiência de algum dos micronutrientes.

Para isso, é necessário interpretar os teores dos micronutrientes conforme classes determinadas de acordo com estudos prévios.

 

Micronutrientes: efeitos na produtividade e necessidade de adubação

 

A classe “médio” indica as concentrações adequadas dos micronutrientes, entretanto, a classe “alto” não corresponde, necessariamente, à condição de toxidez.

A toxidez por altas concentrações de algum micronutriente depende, além da concentração e solubilidade do elemento, da tolerância da planta.

Por outro lado, o enquadramento na classe “baixo” deve ligar o seu sinal de aleta para a necessidade de adubação.

Essas recomendações são gerais e, por isso, se disponíveis, você deve procurar recomendações específicas para a cultura e a região desejada.

Adubação com micronutrientes é necessária?

Já observamos que a deficiência de micronutrientes não é tão frequente em virtude da demanda pequenas por parte das plantas.

Porém, alguns fatores podem desencadear a indisponibilidade dos micronutrientes.

Nesse caso, é necessário investigar se essa deficiência é função do pH, da MOS ou dos baixos teores dos micronutrientes no solo.

Possivelmente, se você efetuar a calagem ou implantar práticas capazes de manter e/ou aumentar os teores de MOS, os problemas com carência de micronutrientes podem ser solucionados.

Caso contrário, a adubação com micronutrientes é a melhor opção para garantir a produtividade e o lucro do empreendimento.

No mercado, existem diversas formulações de micronutrientes para aplicação via solo ou foliar em vários períodos do ciclo da cultura.

Além disso, também existem tecnologias para aplicação em conjunto com NPK, incorporando determinado micronutriente nos grânulos do adubo.

Ainda existem contradições quanto a resposta das culturas à adubação com micronutrientes.

Alguns estudos indicam que o feijoeiro alcançou boas produtividades em resposta a aplicação de 1,8 ton ha-1 de B enquanto doses crescentes de Zn (0, 2 e 4 ton ha-1) não influenciaram a produtividade de soja.

Isso demonstra que o efeito da adubação com micronutrientes pode ter efeitos positivos apenas em casos específicos.

A carência de micronutrientes, comprovadamente, tem efeitos deletérios na quantidade e qualidade da produção,

Porém, a produtividade das culturas é influenciada por diversos fatores, logo, adição de um ou mais micronutrientes corresponde a um “ajuste fino” na lavoura.

Se outros fatores forem negligenciados, como a acidez do solo e o controle fitossanitário, você não vai atingir os resultados esperados.

Deste modo, é obrigatório monitorar a fertilidade da lavoura periodicamente em virtude das perdas de nutrientes, seja por exportação, lixiviação, volatização, dentre outros processos.

É nossa função integrar todos os fatores de produção e tomar a decisão de usar uma ou outra fórmula de adubo, considerando a produtividade esperada, o valor de mercado das opções de fertilizante e do nosso produto, além de todos os outros custos de produção.

Técnicas de Vendas e Marketing no Agronegócio
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