As pragas agrícolas são responsáveis por boa fatia dos custos de produção e perdas de produtividade das lavouras. Em outras palavras, a presença de pragas em uma lavoura é sinônimo de desperdício de dinheiro, insumos e mão de obra.

Conceitualmente, podemos dizer que um inseto se torna uma praga quando ele aumenta em população, ao ponto de ocasionar perturbações no desenvolvimento da lavoura, além de, prejuízos financeiros.

Impulsionados pelo cultivo de monoculturas em grandes extensões, os surtos de ataque de pragas estão cada vez mais frequentes, o que, consequentemente, exige a adoção de estratégias para o controle.

Somente para o controle de pragas como a Spodoptera frugiperda no milho, o valor total gasto no Brasil em uma única safra supera os R$ 758 milhões. Se considerarmos que ocorrem duas safras, o custo chega a R$ 1,2 bilhão/ano.

O caso se torna mais sério, quando levamos em consideração as perdas de produtividade ocasionadas por esta única praga.

Diante do exposto, o controle de pragas deve ser uma estratégia de manejo bem pensada e planejada. De modo que, seja realizado ainda no início das infestações, pois desta forma, os custos para o controle e os danos às culturas serão menores.

Quando realizar o controle de pragas?

Na maioria das vezes, os fatores que causam os maiores problemas em relação ao controle de pragas são:

  • Desconhecimento da bioecologia da praga.
  • Realização do controle de pragas quando o nível de dano econômico já foi atingido.
  • Utilização de técnicas e produtos ineficientes para o controle de pragas.

Sendo assim, percebe-se que o controle de pragas são pode ser realizado de qualquer maneira.

Na cultura da soja, por exemplo, diversas escalas visuais foram desenvolvidas para auxiliar os produtores rurais na tomada de decisão, para a determinação do momento mais adequado para o controle de pragas.

A escala visual é utilizada para representar a porcentagem de desfolha ocasionada por lagartas na cultura da soja. Ela serve para facilitar as avaliações visuais em condições de campo e determinar o nível de ação.

Atualmente, a literatura disponibiliza um vasto conhecimento sobre os níveis de ação para o controle das principais pragas na soja, como por exemplo:

  • Anticarsia gemmatalis e Chrysodeixis includens: as estratégias para o controle de pragas devem iniciar quando ocorrer 30% de desfolha na fase vegetativa ou 15% na fase reprodutiva.
  • Spodoptera spp.: 10% de vagens atacadas.
  • Diabrotica spp.: 30% de desfolha na fase vegetativa ou 15% na fase reprodutiva.

Outra escala bastante adotada pelos produtores rurais para o controle de pragas, desta vez na cultura do milho, é a Escala de Davis.

Nesta escala, cada numeração tem um indicativo de dano correspondente, sendo assim:

0 – Nenhum dano nas folhas;

1 – Pequenas perfurações em algumas folhas;

2 – Pequena quantidade de perfurações em algumas folhas;

3 – Perfurações em várias folhas;

4 – Perfurações e lesões em algumas folhas;

5 – Lesões em várias folhas;

6 – Grandes lesões em várias folhas;

7 – Grandes lesões e porções dilaceradas em algumas folhas;

8 – Grandes lesões e porções dilaceradas em várias folhas; e

9 – Grandes lesões e porções dilaceradas na maioria das folhas.

Para Spodoptera frugiperda, o nível de ação para aplicação de inseticida, deve ser quando pelo menos 15% das plantas apresentarem folhas com nota ≥ a 3 na escala Davis.

Controle de pragas: químico

Atualmente, o uso de inseticidas químicos para o controle de pragas é a estratégia de manejo mais utilizada nas lavouras, tanto em nível nacional, como mundial. Entretanto, é importante frisar que apenas inseticidas registrados no Ministério da Agricultura brasileiro devem ser utilizados.

De modo geral, podemos dizer que os inseticidas são:

Substâncias ou compostos químicos que, ao serem aplicados direta ou indiretamente sobre os insetos, em concentrações adequadas, provocam a sua morte.

Na prática, eles representam o método de controle de pragas preferido pelos agricultores, devido a uma série de vantagens, como por exemplo:

  • Mesmo sob baixas concentrações, os produtos causam a eliminação dos insetos-pragas em condições de campo.
  • Os inseticidas são produtos de excelente custo-benefício.
  • Apresentam rápida ação, ou seja, provocam a morte dos insetos em questão de minutos ou horas, após o contato.
  • Quando utilizados obedecendo as regras de aplicação estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, são produtos seguros ao homem e ao meio ambiente.

Entretanto, o controle de pragas utilizando inseticidas não deve ser a única alternativa. Uma vez que, eles promovem um controle temporário da população dos insetos. Além disso, quando empregados de maneira inadequada podem ocasionar casos de resistência e deixar resíduos nas culturas.

Por isso, o controle de pragas deve ser baseado na associação de diversas estratégias de manejo, o que representa o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Sendo assim, nos itens abaixo nós resumiremos uma série de informações sobre estratégias alternativas para o controle de pragas agrícolas, as quais podem ser utilizadas para compor o programa de MIP da sua propriedade.

 

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Controle de pragas: orgânico

A agricultura orgânica tem um público alvo bem consolidado no Brasil. Contudo, apesar de ser baseada no manejo sustentável dos cultivos, ela não está livre do ataque de pragas e/ou doenças.

Neste sistema de produção, a utilização de fertilizantes e inseticidas químicos é proibida. Por isso, os agricultores devem utilizar apenas produtos naturais, orgânicos ou biológicos para o controle de pragas.

Atualmente, diversos estudos têm comprovado a eficiência do controle de pragas utilizando produtos orgânicos. A maioria dos quais, tem por base caldas, extratos e óleos vegetais.

Dentre as espécies de plantas mais utilizadas no controle de pragas, podemos citar:

  • Arruda (Ruta graveolens);
  • Losna (Artemisia absinthim);
  • Fumo (Nicotiana tabacum);
  • Cinamomo (Melia azedarach);
  • Nim (Azadirachta indica);
  • Melão de São Caetano (Momordica charantia) etc.

O nim, especialmente, produz naturalmente uma substância inseticida, chamada de azadiractina. A qual, tem comprovadamente efeito no controle de pragas, como:

Produtos comerciais a base de azadiractina são facilmente encontrados em lojas agropecuárias. Eles possuem a vantagem de serem biodegradáveis, desta forma, não deixam resíduos e nem contaminam o ambiente.

Na prática, o controle de pragas proporcionado pelo nim ocorre, devido a sua ação repelente, anti-alimentar, reguladora de crescimento e inseticida. De acordo com pesquisadores do IAPAR, em função destas características, os extratos de nim são mundialmente aprovados para o controle de pragas em cultivos orgânicos.

Controle de pragas: biológico

Uma alternativa de controle de pragas bastante empregada atualmente é o controle biológico. Em função do vasto conhecimento disponível sobre o tema, nós elaboramos um artigo que trata em detalhes as principais formas de controle biológico de pragas agrícolas, o qual pode ser acessado neste link.

Controle de pragas: cultural

Ao contrário do que muitos agricultores e profissionais do meio rural pensam, o controle de pragas não deve ser realizado apenas com aplicações de produtos, sejam eles de origem química, orgânica ou biológica.

O controle de pragas utilizando estratégias de manejo cultural pode e devem ser adotados em todas as propriedades agrícolas, desde que se adequem ao sistema de produção. Dentre as práticas mais comuns, podemos citar:

  • Aração do solo: o preparo do solo através de operações de aração e gradagem destroem o habitat de alguns insetos habitantes de solo, como os corós. Desta forma, o controle de pragas acontece devido a redução da população.
  • Época de semeadura e colheita: o atraso ou antecipação dos períodos de semeadura e colheita visam o aproveitamento das épocas de menor ocorrência das pragas. Isto se dá, em função de as condições climáticas serem desfavoráveis ao seu desenvolvimento.
  • Rotação de culturas: permite o controle de pragas através da “quebra” do seu ciclo de desenvolvimento, uma vez que há a retirada da cultura hospedeira principal das pragas. Para que seja eficiente, a rotação deve incluir plantas de famílias botânicas diferentes, pois assim, modifica o complexo de pragas a cada safra.
  • Densidade de plantio: alguns insetos-pragas são favorecidos por microclimas úmidos e quentes, frequentemente obtidos através do adensamento de plantas. Para que ocorra o controle destas pragas, o ideal é aumentar a densidade de plantio, permitindo que mais luminosidade entre no dossel da lavoura. É caso das pragas da cultura do algodão Helicoverpa zea e Heliothis virescens, as quais são favorecidas por condições de superadensamento da cultura.
  • Manejo de plantas daninhas: diversas pragas agrícolas sobrevivem de uma safra para outra parasitando plantas daninhas, as quais funcionam como hospedeiros alternativos para os insetos. Desta forma, a eliminação de plantas daninhas funciona como um controle de pragas indireto, já que, reduz a oferta de alimento e abrigo.

Controle de pragas: físico

O controle de pragas agrícolas utilizando métodos físicos representam um conjunto de práticas específicas, que não podem ser aplicadas a todos os sistemas de produção de plantas. Dentre os mais utilizados na agricultura, podemos citar:

  • Barreiras físicas: são utilizadas para dificultar o acesso dos insetos-praga as culturas de interesse econômico. Em grandes culturas, a instalação das barreiras físicas ocorre através do plantio de espécies vegetais na direção dos ventos predominantes. Ao passo que, em cultivo protegidos, pode ser alcançado com a instalação de telas. Na fruticultura, a embalagem de frutos também é bastante utilizada para protegê-los do ataque de pragas que depreciam a sua qualidade.
  • Temperatura: o controle de pragas utilizando temperatura é bastante realizado em grãos armazenados e frutos destinados à exportação. Temperaturas acima de 45 ºC e abaixo de 4 ºC tendem a matar ou paralisar o desenvolvimento de alguns organismos danosos. A mosca das frutas é uma das principais pragas controladas via tratamento térmico, que pode ser através da imersão das frutas em água com temperaturas de 45 a 50 ºC, por 10 a 90 min. Em algumas situações, para manter a qualidade das frutas, produtores tem preferido o tratamento a frio, por vários dias.
  • Fogo: apesar do fogo ser uma prática extremamente agressiva, é a alternativa de controle de pragas de maior eficiência. Contudo, apresenta uma série de benefícios e desvantagens. O fogo é utilizado com frequência para o controle de pragas como as cochonilhas e cigarrinhas em pastagens e, lagartas e bicudo em algodoeiro. Desta forma, ele elimina completamente as pragas e o seu habitat e, além de tudo, não deixa resíduos químicos. Ao passo que, as desvantagens incluem a eliminação de organismos benéficos e inimigos naturais, potencial para degradação do solo, etc.

Controle de pragas: genético

Atualmente, a forma mais segura de controle de pragas é o melhoramento genético de plantas. Com o advento das técnicas de biotecnologia, inúmeras cultivares com eventos transgênicos foram desenvolvidas no Brasil.

Estas cultivares apresentem características genéticas que as permitem ser resistentes aos principais insetos-praga das lavouras. Por isso, não exigem a necessidade de aplicação de produtos químicos no controle de pragas. Sendo, desta forma, a alternativa mais segura ambientalmente até o momento.

Para saber um pouco mais sobre cultivares transgênicas no Brasil, acesse este link.

 

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