A gestão estratégica consiste no gerenciamento de todos os recursos que o seu negócio rural dispõe para atingir as metas e os objetivos estabelecidos no planejamento.
Não é novidade que o sucesso do seu negócio depende um bom planejamento, o que inclui a gestão estratégica.
Os recursos em um empreendimento agrícola são diversos, abrangendo os fertilizantes, agrotóxicos, sementes, maquinário, área, mão-de-obra e infraestrutura, dentre outros.
Os colaboradores são recursos humanos e sua gestão estratégica é fundamental.
Não é suficiente que você invista nas mais modernas máquinas se o pessoal que for realizar a operação não for capacitado e não estiver motivado para desempenhar tal função.
Um colaborador desmotivado ou deslocado da função para a qual é competente entrega resultados inferiores ao seu real potencial, subaproveitando o desempenho do negócio.
As metas e os objetivos podem ser dos mais variados tipos no contexto agrícola.
Podem estar ligadas a produção e a custos, mas também a padrões de qualidades ou redução de perdas.
Exemplificando, um produtor de cevada cervejeira não quer somente obter altas produtividades com custos pequenos, pois a indústria exige que ela apresente padrão mínimo de qualidade.
Essas metas e objetivos podem ser monitorados através de indicadores de desempenho, os quais são essenciais para a gestão estratégica.
Ainda seguindo o exemplo de cevada, o seu objetivo seria obter produto que atenda os valores mínimos de germinação, pureza e proteína, sem exceder o limite para concentração de micotoxinas.
Um indicador plausível para a gestão estratégica seria a germinação mínima exigida.
Fica evidente que a gestão estratégia abre um leque de oportunidades de melhoria no desempenho da atividade, aumentando as chances de você alcançar as metas.
Caso você tenha interesse em gestão estratégica aplicada ao Agronegócio, continue lendo esse texto!
Como a gestão estratégica melhora os resultados do Agronegócio?
Você já percebeu que a gestão estratégica pode contribuir para o alcance das metas do seu negócio através da gestão dos recursos disponíveis.
Sendo assim, uma etapa crucial é ter em evidência quais são os objetivos gerais e o perfil do empreendimento para você e todos os colaboradores, fornecedores e clientes.
Com isso, é mais provável que todos tenham coesão e clareza sobre o que necessitam desempenhar, facilitando a gestão estratégica da empresa.
Em um primeiro momento, você precisa refletir sobre o que você espera do seu negócio este ano? E nos próximos 5 anos?
É a hora de se desafiar e propor metas que tirarão você e seus colaboradores da zona de conforto?
É importante possuirmos um pensamento amplo e crítico neste momento.
Talvez você identifique um número menor de metas no início, relacionadas somente a manter a produtividade da lavoura.
Porém, a evolução da gestão estratégica está em identificar quais são os processos mais delicados e que podem estar restringindo mais severamente o crescimento do negócio.
Existem diversos fatores que podem ser considerados de acordo com a sua atividade.
Na última safra, a qualidade ruim de sementes pode ter comprometido todo o cultivo? Aconteceram problemas com escassez de água?
Se você tivesse investido em uma unidade armazenadora na propriedade poderia ter conseguido um melhor preço de venda do produto?
Todas essas são questões de gestão estratégica que necessitam ser levantadas em função do contexto e do nível de amadurecimento em que seu negocia está.
Saber onde você quer chegar pode ser um dos primeiros passos para que de fato o objetivo se torne realidade.
A própria entrada e saída de colaboradores, conhecida como “turnover”, pode ser um empecilho capaz de prejudicar a atividade agrícola e a gestão estratégica.
Cada vez que um colaborador sai e outro entra é necessário que seja investido tempo em adaptação e treinamento.
Além disso, a falha de gestão estratégica pode estar no próprio processo de seleção ao optar por pessoas não identificadas para o perfil da vaga e da empresa.
Como realizar a gestão estratégica dos recursos humanos
Apesar de as máquinas desempenharem funções importantes e terem sido responsáveis pelo avanço industrial nas últimas décadas, são as pessoas que, de fato, dão vida ao negócio.
Não adiantaria disponibilizar a melhor e mais moderna colhedora para um colaborador que não saiba ou não queira manuseá-la.
Da mesma forma que o colaborador mais qualificado não entrega um bom trabalho quando não está satisfeito ou motivado com as condições de trabalho.
Por isso, o sucesso no Agronegócio também passa pela gestão estratégica dos recursos humanos, os quais também geram inovação e vantagem competitiva.
Dessa forma, a gestão estratégica visa alocar pessoas capacitadas em posições condizentes com seu perfil para que seja possível obter o melhor rendimento possível.
O primeiro passo de gestão estratégica é realizado na seleção do colaborador.
Além da qualificação exigida, é necessário verificar se a pessoa possui aderência ao perfil e a rotina que a vaga exige.
Geralmente, tendemos a pensar que pessoas que possuem alinhamento de ideias conosco se encaixariam melhor no negócio.
Entretanto, ideias e perspectivas diferentes e inovadores devem ser bem-vindas e são elas que fazem a empresa crescer.
Portanto, a divergência de opiniões e a discussão devem ser encorajadas pela gestão estratégica.
É importante, periodicamente, pesquisar a satisfação dos colaboradores com o emprego, com a liderança, com as condições de trabalho, dentre outros fatores.
Essa prática pode identificar problemas de comunicação que poderiam ser facilmente resolvidos, impedindo a futura saída de um colaborador que entrega bons resultados.
Por exemplo, o período do ano em que as férias são tiradas e o espaço dado pela liderança para expressão de opinião do colaborador são fatores que usualmente geram descontentamentos.
Ademais, diversas empresas propõem como gestão estratégica o incentivo aos colaboradores por meio de “prêmios” em função do alcance de metas.
Esses prêmios podem ser de diversos tipos, como simbólicos ou bônus salariais conforme o tipo de meta batida e a situação financeira da empresa.
Resumindo, o objetivo principal da gestão estratégica é ter colaboradores qualificados, comprometidos e motivados para atingir os objetivos do Agronegócio.
Como realizar a gestão estratégica dos custos de produção
Considerando os custos de produção, a gestão estratégica deve almejar identifica-los corretamente e tentar diminui-los ao máximo.
Mais detalhes sobre os fatores que compõem e como calcular os custos de produção podem ser verificados nesse excelente texto.
Aqui nós vamos ressaltar a importância de se registrar os custos de produção anuais da sua atividade e desenvolver estratégias que possam reduzi-los.
Todos os custos associados ao desenvolvimento do seu produto devem ser registrados em planilhas para que seja possível a identificação das práticas mais onerosas.
Assim, é possível trabalhar em alternativas capazes de diminuir os gastos e elevar a margem de lucro.
Por exemplo, em determinado ano, o custo relativo à aplicação de agrotóxicos pode ter sido maior do que o normal.
Nesse caso, você deve investigar os motivos que levaram a esse aumento através da gestão estratégica.
Uma razão viável para esse fato seria o manejo inadequado da lavoura, esquecendo a rotação de culturas.
Desse modo, a implantação de culturas não hospedeiras de determinadas pragas e doenças, ou que facilitem o manejo de plantas daninhas irá reduzir os custos da lavoura.
Essa redução de custo só seria possível de realizar através da identificação do problema, a qual é feita através do diagnóstico realizado a partir dos dados registrados.
Por isso, mais uma vez, informação é algo muito valioso e todas as práticas de manejo, assim como a gestão estratégica, demandam registro de informação.
Por mais que sua memória pareça guardar os valores envolvidos em todos os processos, com o passar do tempo, isso não é verdadeiro.
No nível de agricultura e margens lucro estreitas atuais, não há espaço para incertezas.
O preço e qualidade das sementes, o combustível e o tempo para a execução das operações de semeadura e pulverização são indicadores que, se analisados, dão embasamento para você detectar onde é possível e mais fácil de promover diminuição dos custos de produção.
Portanto, a gestão estratégica dos custos de produção pode aumentar a margem de lucro do seu negócio a partir de prática simples, porém importantes.
Como realizar a gestão estratégica da produção agrícola
Aqui produção refere-se aos produtos finais gerados pelo seu negócio e que serão comercializados.
Nesse sentido, a gestão estratégica da produção acaba englobando todos os processos envolvidos na originação do produto.
Se a cevada cervejeira é um dos seus produtos finais, sua gestão estratégica inclui os diversos fatores de produção que afetam sua quantidade e qualidade.
Nesse caso, decisões como a escolha da cultivar, área plantada e negociação de preços com a indústria são exemplos de fatores que demandam a gestão estratégica.
O monitoramento do desempenho de determinada cultivar nos últimos anos deve considerar aspectos como ocorrência de doenças, produtividade e qualidade de grãos.
Se a cultivar que você utilizou vem demonstrando bons resultados, não há motivos para mudança.
Por outro lado, se a cultivar utilizada por você apresenta boa produtividade, mas ocasiona muitas perdas em função da qualidade, alternativas devem ser buscadas e exigidas.
Porém, no caso de introdução de novas cultivares você pode implantar apenas uma porção da área como teste para desempenho e adaptação, evitando semear a área total com uma cultivar nova.
O histórico e previsão climática, demanda da indústria, preço de venda e custos de produção também são indicadores que não devem ser esquecidos no momento de planejar a lavoura.
Isso é importante porque mesmo que você obtenha ótima produtividade e qualidade, elas devem estar em conformidade com o acordado com a indústria.
Lembrando que os valores e demais itens de negociação são acordados com a indústria previamente à semeadura no que se refere a produção da maior parte da cevada cervejeira no Brasil.
Estes exemplos podem ser adaptados a sua realidade.
Em resumo, quanto mais indicadores você conseguir monitorar fielmente, haverá mais riqueza de informações e decisões mais sólidas poderão ser tomadas, favorecendo a gestão estratégica e aumentando as chances de sucesso.
Ferramentas que facilitam a gestão estratégica no seu Agronegócio
Existem diversas ferramentas que facilitam e melhoram a gestão estratégica no Agronegócio.
Alguma delas são mais conhecidas e amplamente utilizadas em grandes empresas multinacionais para a gestão estratégica e controle de qualidade em diferentes processos.
São exemplos de ótimas e simples ferramentas para a gestão estratégica do seu negócio: 5s, 5W2H, ciclo PDCA e matriz SWOT.
5s é uma ferramenta de gestão estratégica originada no Japão em 1950 que propõe cinco princípios: Senso de utilização, organização, limpeza, melhoria contínua e autodisciplina.
Esse método pode ser usado em diversas ocasiões, como no seu ambiente de trabalho.
Você pode elaborar uma lista baseada nos preceitos básicos do 5s e, periodicamente, ao chegar na sua sala ou departamento, verificar se todos estão os colocando em prática
5W2H indica what (o que)?, why (por que)?, where (onde)?, when (quando)?, who (quem)?, how (como)? e how much (quanto)?.
Trata-se de uma ferramenta de gestão estratégica para elaboração de um plano de ação para determinada tarefa, auxiliando na visualização de sua viabilidade e planejamento.
O ciclo PDCA, que significa planejar, fazer, verificar e agir na língua portuguesa, almeja otimizar o seu negócio através da gestão estratégica ao encontrar falhas, identificar oportunidades de melhoria e executá-las.
A matriz SWOT almeja identificar as fortalezas, fraquezas, oportunidades e ameaças ao seu negócio, desenvolvendo a gestão estratégica.
Através dessa análise é possível destacar o que está sendo bem feito e os pontos fortes da sua empresa com o intuito de preservá-los.
Por outro lado, você pode focar em determinada fraqueza ou ameaça para eliminá-la.
Um exemplo prático de cada item, ainda considerando a produção de cevada cervejeira, seria:
Fortaleza: Você tem experiência e sabe tudo sobre como obter cevada com altas produtividades e qualidade.
Fraqueza: Pequena capacidade de beneficiamento e armazenamento da cevada na sua propriedade.
Oportunidade: Crescente demanda de cevada cervejeira por parte da indústria.
Ameaça: Clima com excesso de umidade durante a maior parte do ciclo da cultura.
Note que as fortalezas e fraquezas são elementos internos do seu negócio, ou seja, fatores que são impactados diretamente por você e pelas tomadas de decisão no seu negócio.
As oportunidades e ameaças são elementos externos sobre os quais você tem pouca ou nenhuma influência sobre, mas pode adotar estratégicas para aproveitá-los ou contorná-los, respectivamente.
Aqui foi citado apenas um exemplo sobre cada item, mas você pode elencar tudo o que for possível e julgar pertinente.
Sugerimos que você faça essa matriz periodicamente, como por exemplo, no intervalo entre uma safra e outra.