O capital de giro de uma empresa rural corresponde a quantidade de dinheiro necessária para o custeio das atividades agropecuárias, envolvendo a aquisição de insumos, maquinário, salários dos colaboradores, além dos investimentos necessários à manutenção da atividade.
Desta forma, o capital de giro pode ser definido como a soma das contas a receber, menos as contas a pagar.
Este cálculo é extremamente simples. Sendo assim, para saber qual o capital de giro disponível na sua empresa rural, basta fazer o cálculo abaixo:
Capital de Giro = [somatório das contas a receber + estoque disponível na propriedade] – [somatório das contas a pagar + impostos e despesas de um determinado período].
Se o resultado desta conta for positivo, isso significa que a atividade está gerando lucratividade e que há capital de giro disponível no caixa da empresa.
Entretanto, ser o valor for negativo, isto implica que a sua atividade está gerando prejuízos.
O capital de giro é o dinheiro presente no caixa, o qual deve ser somado às mercadorias e estoques, pois estes são os recursos essenciais à manutenção da atividade agropecuária.
Ou em outras palavras, é possível definir capital de giro da seguinte forma:
Capital de giro é uma parte do investimento que compõe uma reserva de recursos que serão utilizados para suprir as necessidades financeiras da empresa rural ao longo do tempo.
De modo geral, o capital de giro serve para:
- Quitar as contas em curto prazo.
- Possibilitar a manutenção das atividades rotineiras.
- Balancear as contas do ativo e do passivo.
- Gerar fluxo de caixa para as finanças da empresa.
Sem capital de giro o produtor deixa de comprar insumos mais baratos ou a juros menores e deixa de investir em pessoal qualificado.
Na falta de capital de giro, muitos produtores entram em desespero e culminam por fazer cortes nos custos de produção. O que consequentemente, leva a menores produtividades e a sua atividade deixa de ser competitiva.
Ao iniciar uma nova safra, o produtor rural utiliza diversos recursos que vão muito além da terra, animais ou maquinário. A falta de capital de giro compromete não só as finanças da empresa rural, como também a atividade produtiva como um todo.
Por isso, saber gerir o capital de giro é essencial para a produção agrícola. Sem um controle adequado, toda a atividade agrícola é comprometida.
Como a falta de capital de giro impacta na necessidade de aprovação de crédito
Sem capital de giro suficiente para investir na safra ou modernizar a produção, o produtor rural brasileiro, frequentemente, perde bons negócios.
Sendo necessário, a aprovação de crédito para aumentar o capital de giro necessário a aquisição de maquinário e insumos a prazo. Abaixo, nós citamos dois exemplos de utilização de crédito, para a modernização da frota e financiamento de safra.
Máquinas
Para que um agricultor se mantenha competitivo na atividade agrícola, muitas vezes, é necessário se modernizar.
Neste sentido, a aquisição de novas máquinas é um dos investimentos mais comuns dentro da cadeira produtiva e, também, é o que exige maior capital de giro.
Desta forma, estes bens não custam barato e os produtores que não possuem um bom capital de giro, necessitam de crédito concedido por empresas financeiras, que possuem regras específicas para cada tipo de financiamento, como por exemplo o Moderfrota.
A linha de financiamento Moderfrota, referente ao calendário agrícola 2018/2019, disponibiliza duas linhas de crédito:
- Produtores com Receita Operacional Bruta anual de até R$ 90 milhões, com taxa de 7,5% ao ano.
- Produtores com Receita Operacional Bruta anual acima de R$ 90 milhões, neste caso a taxa de juros é de 9,5% ao ano.
Esta linha de crédito, tem o limite de financiamento estipulado em até 90% do valor do bem/orçamento.
Sendo assim, o produtor precisa ter disponível um capital de giro, de no mínimo, 10% do valor do maquinário que deseja adquirir.
Insumos
As linhas de financiamento para aquisição de insumos podem ser divididas em duas categorias:
- Crédito para Pré-custeio.
- Custeio Agrícola.
Nesta modalidade de crédito, não há limite para o financiamento, podendo o mesmo ser de até 100% do valor orçado.
O seu pagamento é feito de uma só vez, com vencimento para até 60 dias após o fim da colheita.
Neste sentido, os produtores devem ter um capital de giro em quantidade suficiente para arcar com todo o financiamento em uma só parcela.
Sem capital de giro, paga-se mais por insumos
A aquisição de insumos na atividade agrícola corresponde a uma boa parcela dos custos de produção.
A compra destes insumos deve ser consciente e planejada, para que nada seja deixado de lado ou comprado em excesso, pois muitas vezes é na aquisição dos insumos para a safra seguinte que o produtor determina a lucratividade da atividade rural.
O principal desafio do mercado de insumos agrícolas é o crédito agrícola para custeio ou o capital de giro do produtor para a sua aquisição.
Neste sentido, percebe-se que com o dólar em alta no mercado, o agricultor ganha mais na exportação dos produtos.
Entretanto, o preço dos insumos essenciais à produção, como fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas, também é definido pela cotação do dólar.
Este cenário, que por um lado beneficia os produtores, por outro lado leva ao aumento no preço da aquisição de insumos.
Sem capital de giro, o produtor rural não consegue comprar todos os insumos essenciais à sua produção a um preço competitivo, e desta forma se vê obrigado a comprar os mesmos a prazo, com juros exorbitantes.
Consequentemente, surge a necessidade do aumento no capital de giro da empresa, o que na prática, só é conseguido através de linhas de crédito.
Entretanto, nem todos os produtores rurais têm acesso a linhas de financiamento agrícola, o que dificulta e encarece a aquisição de insumos na falta de capital de giro próprio.
Em outros casos, o produtor pode optar por operações de Barter, onde o pagamento referente aos insumos é realizado com a entrega de produtos agropecuários, como grãos, por exemplo, sem que ocorra intermediação monetária.
São as relações de troca.
As operações de Barter funcionam como um mecanismo de financiamento de safra.
Neste caso, o produtor deve observar bem as condições para essa “troca”, pois frequentemente, essas operações tendem a desvalorizar o grão do produtor rural, o que também encarece a aquisição dos insumos.
De modo geral, a falta de capital giro em quantidade suficiente para financiar as atividades agrícolas, ainda é realidade entre os produtores brasileiros. Neste sentido, o planejamento dos gastos deve ser feito com cautela, para que o produtor não saia prejudicado financeiramente no momento da compra dos insumos.
Sem capital de giro, o agricultor não tem como investir
O capital de giro é uma das peças-chave para o funcionamento da estabilidade da produção agrícola.
Levando-se em consideração que o retorno da atividade agrícola quase nunca é imediato, o produtor precisa dispor de ferramentas que possibilitem a geração de renda em momentos de entressafra.
Em outras palavras, o produtor rural precisa garantir capital de giro suficiente durante estes períodos de sazonalidade, pois só assim ele conseguirá fazer os investimentos necessários para garantir uma boa rentabilidade das safras seguintes.
Sem ter como investir, o empresário rural não consegue realizar a manutenção do maquinário agrícola de modo adequado, muito menos adquirir máquinas novas, o que causa perda de eficiência operacional e de competitividade.
Além disso, perde em eficácia, pois não consegue investir em treinamento pessoal dos funcionários, deixando-os desmotivados em suas funções.
Em uma atividade agrícola onde não há capital de giro suficiente, não são feitos investimentos e, portanto, não há possibilidade para crescimento, afinal, o desenvolvimento de qualquer atividade comercial é baseado no grau de investimento atrelado a ela.
Desta forma, se o agricultor tem dificuldade para gerir financeiramente a sua propriedade rural, certamente ele não terá capacidade para adquirir novas áreas e expandir os seus negócios.
A falta de capital de giro em uma empresa agrícola provoca uma série de problemas, o que na maioria das vezes, desencadeia um processo em cascata, que afeta todo o funcionamento da atividade.
A produção agrícola brasileira é direcionada por um mercado altamente competitivo, sendo assim torna-se necessário que os produtores alcancem ganhos de produtividade, sem o aumento dos custos de produção.
Para que isso ocorra, são necessários investimentos em diversos setores dentro de uma empresa rural, como:
- Capacitação de colaboradores: profissionais mal capacitados, apresentam baixa eficiência ao desempenhar as suas atividades dentro de uma empresa, o que leva a perda de tempo e muitas vezes, dinheiro.
- Aquisição de insumos: insumos de baixa qualidade e em quantidades insuficientes proporcionam baixas produtividades, o que por sua vez, leva a aumentos dos custos de produção, pois se produzirá menos por área.
- Aquisição e manutenção de maquinário: máquinas mal reguladas oneram os custos de produção, pois gastam mais combustível do que deveriam, além de levarem mais tempo para realizarem as suas atividades. Além disso, a falta de maquinário adequado, leva a perda de eficiência dentro de uma propriedade.
Sendo assim, fica claro que se o produtor rural quer se manter competitivo, ele precisa manter sua capacidade de investimento na atividade.
Porém, se ele não possui capital de giro disponível, a atividade agrícola perde em competitividade.
Dicas para gerir de forma eficiente o capital de giro
Até agora nós discutimos, principalmente, os problemas gerados em função da falta de capital de giro.
Por isso, você encontrará a seguir dicas importantes para uma melhor gestão do capital de giro da sua empresa rural.
Faça compras à vista, sempre que possível
Em função do mercado que nós temos hoje, o parcelamento das dívidas é uma alternativa muito atraente aos produtores.
Desta forma, quando você faz uma compra a prazo, alivia o fluxo de caixa da propriedade.
Contudo, para ter uma melhor gestão do capital de giro, o pagamento das compras à vista pode auxiliar na gestão financeira dos recursos administrativos da empresa rural.
Amplie a lucratividade da atividade rural
Sabemos que isso não é uma tarefa fácil, mas o aumento da margem de lucro é uma ótima maneira para a manutenção da “saúde financeira” da sua atividade.
Em função do aumento da margem de lucro, obtém-se mais dinheiro no fluxo de caixa e, consequentemente, um capital de giro maior.
Na prática, isto pode ser alcançado devido a um menor preço pago por insumos negociados à vista, por exemplo, a uma maior produtividade com o mesmo custo de produção, ou com a obtenção de melhores preços na comercialização.
Empréstimos e financiamentos, apenas quando necessário
A aquisição de crédito externo é uma atividade muito comum entre os produtores agrícolas brasileiros.
Muitos só conseguem financiar as suas safras, em função dos créditos concedidos por instituições financeiras.
Entretanto, está não é uma decisão muito sábia, pois os juros ou taxas cobradas por essas instituições podem causar problemas futuros ainda maiores.
Quando um produtor rural, por qualquer motivo que seja, não consegue honrar com os seus pagamentos, os juros aumentam e, desta forma, aumenta o valor a ser pago pelos financiamentos.
Na prática, isto compromete toda a gestão financeira da propriedade rural, além de, muitas vezes, endividar o agricultor para as safras seguintes.
Reduza os custos de produção
Os custos de produção representam os principais gastos no capital de giro.
Desta maneira, a redução dos custos de produção é uma das alternativas mais assertivas para a gestão do capital de giro.
Mas se lembre que os custos de produção devem ser reduzidos de forma consciente, de modo a não prejudicar a produção e muito menos a lucratividade da propriedade.