Nos últimos anos, a demanda por alimentos tem sido crescente em todo mundo, especialmente por culturas leguminosas como a soja, sobretudo no Brasil, maior produtor mundial.

A produtividade de leguminosas como soja e feijão pode ser afetada por diversos fatores, como por exemplo: solo, manejo, adubação, cultivar, clima, etc.

Contudo, apesar de o manejo da adubação destas culturas ter evoluído muitos nas últimas décadas, ainda existem lacunas que as impedem de atingir o seu máximo potencial produtivo.

Os micronutrientes, por vezes, são elementos negligenciados no manejo das adubações, o que reflete em menores aumentos produtivos nas culturas agrícolas.

Você sabia que o molibdênio é um micronutriente importantíssimo no metabolismo de fixação de nitrogênio das leguminosas?

E que sem ele, ocorre um menor aproveitamento do nitrogênio pelas plantas?

Além disso, os sintomas de deficiência em molibdênio são frequentemente confundidos com a deficiência de nitrogênio, o que causa uma certa confusão no momento da correção nutricional dos solos e das plantas.

Devido à baixa taxa de reposição do molibdênio nos solos, ele tem-se exaurido tornando comum à sua deficiência, particularmente, nas regiões do cerrado brasileiro.

Sendo assim, o simples fornecimento de molibdênio às plantas pode incrementar de forma significativa a sua produtividade.

O número de estudos sobre a ação do molibdênio na agricultura cresceu significativamente, e como resultado, este micronutriente passou a ter papel de destaque no manejo.

Ficou interessado?

Acompanhe os próximos itens e fique por dentro do assunto.

1. Características do molibdênio

Como já foi dito, o molibdênio é um importante micronutriente para as culturas agrícolas, com destaque para as leguminosas, como soja e feijão.

Apesar de ser requerido em pequenas quantidades pelas plantas (0,1 a 5 mg kg-1), a sua deficiência pode trazer danos irreversíveis às culturas agrícolas.

Uma vez que, o molibdênio é um importante constituinte de enzimas, concentrações acima e abaixo do ideal podem ser prejudiciais ao desenvolvimento normal das plantas:

  • Valores inferiores a 0,1 mg kg-1: alteram negativamente o metabolismo do nitrogênio.
  • Valores superiores a 5 mg kg-1: configuram-se como níveis tóxicos para as plantas e aos animais que dela se alimentam. De acordo com a Embrapa, pastagens cultivadas sob excesso de molibdênio associadas a deficiência de cobre (Cu), provocam uma doença conhecida como “molibdenose” nos ruminantes.

Devido ao fato de ser encontrado em pequenas quantidades nas plantas, existem diversas metodologias para quantificar, não só os teus tores nas plantas, como também nos solos agrícolas.

No solo, o molibdênio é um micronutriente de carga negativa, com origem na decomposição das rochas. Portanto, ele pode estar presente no solo de, pelo menos, quatro formas distintas:

  • Não disponível: a planta não tem acesso ao molibdênio, pois ele se encontra retido no interior da estrutura de minerais.
  • Parcialmente disponível ou trocável: neste caso, ele é influenciado pela CTC do solo, já que se encontra adsorvido as argilas. Frequentemente, junto aos óxidos de ferro (Fe2+ e Fe3+) e ao alumínio (Al3+), na forma de molibdato (MoO42). Além disso, a sua disponibilidade para as plantas varia conforme o pH e do teor de fósforo (P) disponível no solo.
  • Associado a matéria orgânica: a associação do molibdênio a matéria orgânica ainda não é completamente compreendida. Entretanto, pesquisadores afirmam que o molibdênio está intimamente ligado à matéria orgânica do solo.
  • Solúvel em água: a solubilidade do molibdênio é dependente da forma como o micronutriente encontra-se e do pH do solo.

Ao contrário de outros micronutrientes como o Fe, Mn, Cu e Zn, a disponibilidade do molibdênio aumenta de acordo com o pH do solo.

  • pH alto: o molibdênio pode se combinar ao Ca2+, originando CaMoO4, forma que é muito solúvel. Ao contrário do fosfato de cálcio, que é pouco solúvel.
  • pH baixo: o molibdênio, frequentemente, encontra-se na forma não dissociada de ácido molibídico (H2MoO4).

2. Molibdênio na fixação de nitrogênio nas leguminosas

Todo produtor de soja sabe que as bactérias fixadoras de nitrogênio são agentes de suma importância para a cultura. Entretanto, o que poucos sabem é que o molibdênio é o principal micronutriente nesse sistema simbiótico.

A associação entre as bactérias pertencentes à família Rhizobiaceae (conhecidas popularmente como rizóbios), com as plantas leguminosas caracteriza-se como um dos sistemas fixadores de N2 atmosférico mais eficientes que se tem conhecimento na agricultura.

Na falta de molibdênio, o metabolismo do nitrogênio é severamente alterado. Isso ocorre, em função da sua participação como componente chave das enzimas:

  • Nitrogenase: atua na fixação biológica do N2.
  • Redutase do nitrato: encarregada da redução do nitrato a nitrito, durante a fase de assimilação do nitrogênio.

Ou seja, com pouco molibdênio disponível, a atividade dessas enzimas fica reduzida. E como consequência, ocorre um acúmulo de nitrato nas plantas.

Por isso, estimativas dos teores de nitrato nas leguminosas podem servir como indicadores de possíveis deficiências de molibdênio.

Sendo assim, para o completo funcionamento da simbiose com o Rhizobium, a soja necessitar estar em solo com condições ótimas de fertilidade.

Pesquisas indicam que, é marcante a influência do molibdênio no crescimento de leguminosas, bem como no funcionamento do sistema simbionte.

O fornecimento de molibdênio às plantas pode ocorrer de diversas formas e ter efeitos variados, por isso diversos ensaios têm sido conduzidos para definir os melhores métodos.

Estudos conduzidos pela Universidade Federal de Lavras afirmam que o acúmulo de molibdênio em sementes de soja não prejudica a nodulação.

E ainda ressaltam que, plantas provenientes de sementes enriquecidas ou tratadas com este nutriente possuem maior acúmulo de nitrogênio nas folhas.

Conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal, em função da sua elevada demanda para estas culturas, o preço e a produção de fertilizantes à base de molibdênio são crescente últimos anos.

 

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3. Fornecimento de molibdênio às plantas

Atualmente, existe no mercado agrícola uma infinidade de produtos à base de molibdênio, com diversas formulações e formas de aplicação. De forma que, cada produto atua em um determinado momento do ciclo das culturas.

As principais formas de fornecimento de molibdênio às plantas podem ser:

  • Adubação
  • Peletizado junto a semente
  • Adubação de base, frequentemente, associado a outros nutrientes

Em virtude da elevada mobilidade do molibdênio nas plantas, o seu fornecimento pode ocorrer via adubação foliar, uma vez que o nutriente é de rápida absorção.

O Manual de Adubação e de Calagem recomenda que as aplicações foliares com molibdênio na soja devem ser feitas entre 30 e 45 dias após a emergência., utilizando uma dosagem que varia entre 25 e 50 g ha-1 de molibdênio.

Quando o molibdênio é fornecido junto a semente, alguns cuidados precisam ser tomados, pois quando a aplicação é mal realizada, pode ocorrer uma redução na sobrevivência das bactérias.

Em casos específicos, a aplicação o molibdênio nas sementes de soja utilizando o molibdato como fonte, pode interferir negativamente na taxa de a sobrevivência do Bradyrhizobium, bem como causar prejuízos à nodulação e à fixação do N2.

Nestes casos, uma alternativa eficiente é a aplicação do molibdênio peletizado via semente. O recomendável é utilizar doses que variam entre, 12 e 25 g de molibdênio ha-1.

Sendo assim, não há o contato direto das bactérias e o nutriente propriamente dito, não havendo indício de toxicidade ao Bradyrhizobium, principalmente quando a peletização com baixos teores de molibdênio é realizada imediatamente antes da semeadura da soja.

Em situações onde são identificados sinais de deficiência do molibdênio no solo, alguns produtores optam por realizar o seu fornecimento junto a adubação com outros nutrientes, de forma a reduzir os custos de aplicação e corrigir o seu teor no solo.

4. Como identificar a deficiência de molibdênio

Sob baixa disponibilidade de molibdênio, as plantas podem exibir diversos sintomas de deficiência.

Para entender melhor como isso acontece, devemos considerar que na cultura da soja, o molibdênio tem de baixa a média mobilidade no floema. Além disso, cerca de 60% do total deste elemento é requerido nos primeiros 45 dias.

Devido a sua atuação junto a fixação biológica de nitrogênio, os sintomas de deficiência de molibdênio são frequentemente confundidos com a deficiência de nitrogênio.

Desta forma, os principais sintomas da deficiência de molibdênio nas plantas são:

  • Clorose parcial ou total das folhas mais velhas ou de meia idade fisiológica.
  • Tamanho reduzido das folhas.
  • Deformação das folhas, provocada devido a morte de alguma das células do parênquima.
  • Necrose, como consequência da inibição da atividade da nitrato redutase e subsequente acúmulo de nitrato. Iniciando pelas ponta das folhas, estendendo-se pelas bordas.
  • Morte e queda prematura das folhas, ocasionada pela necrose.

Além dos sintomas visíveis nas folhas citados acima, a deficiência de molibdênio das leguminosas provoca sintomas de deficiência de nitrogênio, uma vez que reduz a taxa fixação do mesmo.

Estudos realizados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná ainda sugerem que deficiência de molibdênio pode ser uma das causas da redução da produtividade observada em algumas áreas no oeste do Paraná.

Outra maneira de identificar a deficiência por molibdênio das plantas é através de análises de tecidos foliares juntos a laboratórios credenciados.

Os níveis críticos para esse nutriente variam conforme a cultura, por isso, procure o auxílio de um engenheiro agrônomo para fazer a interpretação dos resultados.

Na cultura do feijoeiro, o teor de molibdênio nas folhas varia conforme o seu estádio de desenvolvimento, sendo o máximo de acúmulo verificado aos 49 dias ou 10 dias após o início da floração, período em que também ocorre o início da formação de vagens.

5. Fontes de molibdênio

O mercado agropecuário brasileiro é repleto de diversas empresas, sobretudo fornecedores de micronutrientes. Os quais atuam com as mais diferentes fontes e formulações.

Para entender melhor, vamos falar um pouco sobre as principais fontes de molibdênio existentes:

  • Ácido molíbdico (H2MoO4.): possui, em média 66,7% de molibdênio e é pouco solúvel em água. Esse produto é frequentemente utilizado como fonte de matéria prima para outras formulações de molibdênio.
  • Molibdato de Sódio (Na2MoO4): pode conter de 39 a 47% de molibdênio e devido ao fato de ser solúvel em água, tem várias aplicações na agricultura. Podendo ser utilizado em sistemas de hidroponia, adubação de plantas via foliar, fertirrigação ou diretamente no solo. Esta formulação pode ser aplicada isoladamente ou em combinação com outros sais.
  • Molibdato de Amônio ((NH4)6Mo7O24): é uma das formulações mais encontradas no mercado. O molibdato de amônio contém, aproximadamente, 54% de molibdênio, sendo solúvel em água.
  • Trióxido de Molibdênio ou Óxido de Molibdênio (MoO3): é uma formulação rica de molibdênio, contendo 66% deste nutriente. Entretanto, não é solúvel em água.
  • Molibdato de cálcio (CaMoO4): essa formulação possui 48% de molibdênio e é insolúvel em água, motivo pelo qual é pouco utilizada na agricultura.

Utilizando molibdato de amônio na soja, pesquisadores da Unesp concluíram que nodulação em soja é afetada pela dose e via de aplicação de molibdênio. Encontrando maior número e massa de nódulos na aplicação do micronutriente via semente.

Outro resultado interessante foi relacionado a atividade da enzima nitrato redutase, que foi afetada pela adubação com molibdênio. Sendo maior quando o micronutriente foi fornecido via foliar, em dose superior à recomendada.

Para aplicação via semente, estudos indicam que as fontes de molibdênio mais competentes para a fixação biológica de N2 na soja são molibdato de amônio e trióxido de molibdênio.

Como podemos observar, o molibdênio é um micronutriente essencial às plantas, sobretudo para leguminosas.

No entanto, a sua utilização requer alguns cuidados para que não ocorram efeitos deletérios no metabolismo do nitrogênio.

 

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