O Brasil é o país mais importante para a produção de carne bovina no mundo, pois atualmente, possui o maior rebanho comercial. Sendo responsável por grande parte das exportações em nível internacional.

Para que possamos alimentar todo esse rebanho é necessário que tenhamos alimento disponível para estes animais. Desta forma, aproximadamente, 97% da carne bovina no Brasil é produzida através de regime de pastagens.

De acordo com Embrapa Agrobiologia existem, cerca de, 200 milhões de hectares de pastagens nativas ou implantadas em território nacional. Esta extensa área permite que o nosso produto seja competitivo, pois assim os custos de produção são reduzidos.

Além disso, as áreas de pastagens não competem com a produção de alimentos para homem e a ainda, diminuem os riscos inerentes ao mal da vaca louca, que acomete animais alimentados com proteína animal.

Nas últimas décadas, ocorreram grandes avanços no melhoramento genético de pastagens. A utilização de cultivares de forrageiras mais produtivas, desenvolvidas por meio de pesquisa científica, foi um dos fatores fundamentais.

Apesar disso, ainda se estima que, cerca da metade das áreas de pastagens estejam passando por algum processo de degradação. Sendo assim, necessitam de alguma intervenção para que alcance o seu máximo potencial produtivo.

Parte desse problema está relacionado ao manejo inadequado das pastagens, associados a:

  • Superlotação de animais, que ocasiona o superpastejo.
  • Solos nutricionalmente pobres.
  • Problemas com pragas e doenças.
  • Erosão do solo.
  • Plantio de espécies pouco adaptadas etc.

Para que os pecuaristas mudem este cenário, é necessário um conhecimento mínimo sobre o manejo de pastagens. Os quais incluem uma série de elementos chaves para a manutenção da taxa produtiva das pastagens.

Rotação de pastagem

Rotação de pastagem, pastejo rotacionado ou pastejo rotativo são os termos comumente utilizados para designar o pastejo intermitente, que compreende um sistema de manejo, onde a área total da pastagem é subdividida em piquetes.

Estes piquetes, por sua vez, são pastejados em sequência, por um ou mais lotes de animais, por vez.

Logo em seguida, os animais são retirados deste piquete e passados para um próximo, permitindo que a pastagem presente nele, recomponha-se naturalmente.

Este tipo de manejo de pastagens possibilita às plantas recuperarem as suas reservas. Desta forma, elas rebrotam muito mais vigorosas e como bônus, contribuem para a persistência da pastagem.

Entretanto, para que pastejo rotacionado seja realmente eficiente, deve-se prestar atenção em diversos fatores antes da sua implantação. Dentre eles, os principais são:

  • Capacidade de suporte, ou seja, quantos animais por hectare aquele piquete suporta.
  • Categoria animal, por exemplo, se serão vacas em lactação, animais para engorda, terneiros etc.
  • O tamanho do rebanho precisa ser adequado a taxa de lotação.
  • Espécie da planta forrageira que compõe a pastagem.
  • Tempo de ocupação, ou seja, quantos dias os animais poderão permanecer no piquete.
  • Período de descanso mínimo para que a pastagem se recupere e possa ser novamente pastejada.
  • Número e tamanho dos piquetes, deve ser compatível com o tamanho do rebanho e a espécie forrageira.

Além disso, outro requisito importante para o manejo dos piquetes é a manutenção do estado nutricional das plantas. Estratégia que pode ser associada à prática da adubação, especialmente a nitrogenada.

Estudos recentes comprovaram que, a adição de fontes de nitrogênio em uma pastagem de braquiária (Urochloa decumbens cv. Basilisk) manejada em pastejo rotacionado, foram fundamentais para a o aumento de proteína bruta e matéria seca.

O pastejo rotacionado pode adotado inclusive por praticantes da agropecuária ecológica. Merecendo destaque, o Sistema Rotativo Racional Voisin, que também leva em consideração práticas de bem-estar animal.

Taxa de lotação de pastagem

A taxa de lotação dos animais nas pastagens é um item que ainda gera discórdia na comunidade científica.

Alguns especialistas empregam o conceito que, para aumentar o rendimento forrageiro por unidade de área, é necessário produzir mais em menor área. Em outras palavras, isso quer dizer que as pastagens devem ser altamente produtivas para que a taxa de lotação seja maior.

Por outro lado, existe uma corrente de pesquisadores que empregam a mentalidade de que, para aumentar a longevidade da pastagem, deve-se reduzir a degradação. Consequente, deve-se buscar um valor ótimo para a taxa de lotação de modo que não prejudique a conservação das pastagens.

Na prática, a taxa de lotação pode ser definida como o número de animais, ou unidades animais, que equivalem a 1 Unidade Animal (UA), sendo igual a 450 kg peso vivo, dividido pela a área pastejada.

Por exemplo, em uma área de pastagem contínua com 100 hectares possui 500 cabeças de gado. Neste caso, a taxa de lotação é de 5 cabeças ha-1.

Ao passo que, a capacidade de suporte pode ser definida como taxa de lotação máxima que uma determinada pastagem suportaria, sem o comprometimento do desempenho animal em um determinado período.

Sendo assim, podemos perceber que, a capacidade de suporte é um item que pode sofrer variações ao longo do ano. Isso ocorre devido a mudanças climáticas, tipo do solo, espécie forrageira e nível de adubação.

 O ganho de peso vivo médio diário é um dos fatores que sofre forte influência do tipo de pastagem, época do ano e taxa de lotação. Por exemplo, pastagens com B. decumbens (409 g dia-1) proporcionaram maior ganho de peso do que com as de B. brizantha (333 g dia-1).

Na mesma pesquisa, observou-se também um decréscimo linear no ganho de peso vivo com o incremento da taxa de lotação, estimando-se valores médios:

  • 435 g dia-1 para taxa de lotação de 0,8 UA ha-1
  • 371 g dia-1 para taxa de lotação de 1,2 UA ha-1
  • 308 g dia-1 para taxa de lotação de 1,6 UA ha-1

Desta maneira, percebe-se que a taxa de lotação influencia significativamente no rendimento dos animais.

Pastagem de verão

De modo geral, podemos dividir as pastagens em duas épocas do ano, verão e inverno. Desta forma, a escolha da espécie de forrageira a ser utilizada, pode definir o sucesso ou a lucratividade da sua atividade.

Por isso, o primeiro passo é definir qual é o seu objetivo, ou seja, para quem ou para que a sua pastagem será destinada: cria, engorda, recria, gado de leite, feno, silagem etc.

Com os objetivos bem definidos, o segundo passo é conhecer o clima da região em que se deseja estabelecer uma pastagem. Este ponto é crucial para a escolha da espécie ou cultivar vegetal a ser utilizada.

Antes de tomar essa decisão, o recomendado é que você consulte um especialista da área para maiores orientações, como engenheiros agrônomos ou zootecnistas.

Contudo, algumas forrageiras atuam como uma espécie de “curinga” na pecuária e podem ser utilizadas para diversas regiões e climas brasileiros.

Em regiões com temperaturas que variam de média a alta, boa disponibilidade de sol e regularidade pluvial como o Norte, Centro-Oeste e Sudeste, as forragens do gênero Brachiaria são muito indicadas.

Ao passo que, na região Nordeste, em virtude da irregularidade das chuvas e da baixa umidade, alguns pesquisadores têm recomendando a produção de plantas como o Capim Buffel (Cenchrus ciliares).

Na região Sul, por sua vez, as plantas perenes de verão pertencentes aos gêneros Pennisetum e Brachiaria são bastante utilizadas.

 

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Pastagem de inverno

A manutenção da pastagem durante o período do inverno é um desafio para muitos produtores de animais, principalmente, nos três estados que compõe a fronteira Sul do Brasil.

É neste período que ocorre a menor disponibilidade de pasto para o gado, pois a maioria das pastagens perenes não produzem bem sob condições de baixa temperatura.

Por isso, muitos pecuaristas desta região têm aderido ao plantio de pastagens de inverno com espécies de plantas adaptadas ao frio, sendo as principais:

 

Gramíneas de inverno

  • Aveia branca (Avena sativa)
  • Aveia preta (Avena strigosa)
  • Azevém (Lolium multiflorum)
  • Cevada (Hordeum vulgare)
  • Centeio (Secale cereale)

 

Neste grupo destacam-se, principalmente, o azevém e a aveia preta, pois são espécie resistentes ao pastejo direto. Além disso, também podem ser usadas para o corte e produção de grãos.

A aveia preta tem ganhando bastante espaço como pastagem de inverno, pois é uma planta de ciclo curto, não interferindo na safra de verão e, que se desenvolve bem, mesmo em solos pobres.

Enquanto, o azevém já é uma espécie consagrada nesta época, principalmente, devido a sua capacidade de ressemeadura natural.

 

Leguminosas de inverno

  • Alfafa (Medicago sativa)
  • Ervilhaca (Vicia sativa)
  • Tremoços (Lupinus spp.)
  • Trevos (Trifolium spp.)

Principais pragas e doenças das pastagens

Devido a abundância de alimento e ao desequilíbrio ecológico ocasionado pelas áreas de pastagens, estas plantas estão sujeitas ao ataque de uma série de patógenos causadores de doenças e insetos-pragas.

Atualmente, diversos problemas fitossanitários podem acometer a qualidade e a produção do material vegetal oferecido pelas pastagens.

Dentre as doenças fitopatogênicas, podemos citar:

  • Manchas foliares
    • Bipolaris
    • Cercospora
    • Phoma
  • Carvão
    • Tilletia ayersii em Panicum maximum.
    • Ustilago operta em Brachiaria
  • Mela das sementes (Claviceps sulcata) em Brachiaria e Panicum maximum

As manchas foliares tem potencial para reduzir a atividade fotossintética das plantas, o que resulta em menor vigor e, consequentemente, menor produção de biomassa vegetal.

As espécies de carvão afetam, especificamente, as sementes das pastagens. Por isso, ocasionam a redução da capacidade de renovação da vegetação.

A mela das sementes provoca redução significativa na produtividade e qualidade das sementes. Além de tudo, plantas infectadas produzem escleródios ricos em compostos alcaloides, que provoca o ergotismo.

Dentre as pragas, as mais importantes, sem sombra de dúvidas, são as cigarrinhas das pastagens. Atualmente, já foram identificadas diversas espécies, como por exemplo:

  • Deois flavopcita
  • Deois incompleta
  • Deois schach
  • Mahanarva fimbriolata
  • Zulia entreriana

As cigarrinhas das pastagens podem causar danos devastadores nas pastagens brasileiras. Estes insetos estão amplamente distúrbios em todo território nacional e, acredita-se que sejam responsáveis por perdas que variam de 10 a 90%.

Felizmente, já é possível encontrar no mercado nacional, produtos para o controle biológico das cigarrinhas altamente eficientes, como por exemplo o Metarhizium anisopliae.

Dicas para recuperação de pastagens degradadas

A degradação das pastagens é um processo sistemático que leva a perda de vigor, de produtividade e da capacidade de recuperação natural das pastagens. Esse processo é agravado por infestações de pragas, doenças e plantas daninhas.

Sendo assim, em primeiro lugar estratégias precisam ser implementadas para evitar que a degradação das pastagens ocorra, como:

  • Diversificação do pasto, ou seja, o plantio de mais de uma espécie de forrageira.
  • Manejo adequando do pasto, que pode ser alcançado através do pastejo rotacionado.
  • Reposição de nutrientes exportados pelas plantas, através de adubações frequentes.
  • Manejo adequado de plantas daninhas, pragas e doenças.

No entanto, quando o processo de degradação já está em andamento, é preciso observar quais os fatores que levaram a isso. Para que desta forma, os possíveis problemas sejam corrigidos e ocorra a recuperação do pasto.

Neste caso, a recuperação pode ocorrer de diversas formas, como por exemplo:

  • Recuperação através da renovação da pastagem.
  • Recuperação através da correção nutricional do solo.
  • Associação da pastagem com sistemas de Integração de Lavoura e Pecuária etc.

 

Técnicas de Vendas e Marketing no Agronegócio
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