Na agricultura, o termo “patógeno” serve para se referir a qualquer tipo de micro-organismo com capacidade para causar danos em plantas. Dentre eles, os mais frequentes são:

  • Fungos
  • Bactérias
  • Nematoides
  • Vírus

Os patógenos despertam o interesse de agricultores e Engenheiros Agrônomos, por uma série de razões, sendo a principal o potencial das doenças causadas por estes patógenos em reduzir a produtividade e qualidade das plantas.

Teoricamente, os patógenos podem infectar todas as espécies de plantas. Entretanto, alguns patossistemas são mais conhecidos do que outros, como por exemplo:

  • Ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.
  • Clorose Variegada dos Citrus (CVC), causada pela bactéria Xylella fastidiosa.
  • Virose do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC), causada por um complexo de vírus.
  • Nematoide das galhas (Meloidogyne incognita), tem capacidade para infectar diversas espécies de plantas cultivadas.

Ao infectarem as lavouras, os patógenos induzem uma série de sintomas, os quais são essenciais para identificação do agente causal da doença.

De modo geral, todos os tecidos das plantas podem ser infectados por patógenos. Desta maneira, existem grupos de patógenos especializados em determinados órgãos vegetais.

Os patógenos estão entre as principais causas de perdas de produtividade na agricultura moderna. Entretanto, para que possamos controlá-los, é necessário um conhecimento mínimo sobre as principais características de cada grupo, pois as medidas de manejo somente serão eficientes se você souber qual é o agente causal da doença que está infectando a lavoura.

Fungos como patógenos agrícolas

Tradicionalmente, os fungos atuam como patógenos de 3 formas principais, as quais baseiam-se no seu modo de nutrição:

  • Patógenos biotróficos: sobrevivem apenas parasitando o tecido vivo das plantas. Desta forma, os patógenos biotróficos raramente matam os seus hospedeiros, pois dependem deles para se nutrir.
  • Patógenos necrotróficos: somente são hábeis para se nutrir a partir dos tecidos mortos das plantas. Ou seja, estes patógenos excretam uma série de substâncias capazes de causar a morte do tecido vegetal e, em seguida se nutrem dele.
  • Patógenos hemibiotróficos: iniciam a infecção nutrindo-se dos vegetais como patógenos biotróficos, entretanto, ao atingirem a fase de desenvolvimento e colonização, atuam como necrotróficos.

De modo geral, os patógenos necrotróficos causam sintomas como, necroses e podridões.

Sendo assim, são de fácil identificação em condições de campo. Por exemplo, o mofo branco causado pelo patógeno Sclerotinia sclerotiorum, causa sintomas de podridão em diversos órgãos vegetais.

Os patógenos biotróficos, por sua vez, causam sintomas que, em muitos casos, podem parecer menos agressivos. No entanto, alguns dos patógenos economicamente mais devastadores pertencem a este grupo. Como por exemplo a ferrugem do colmo, causada pelo patógeno Puccinia graminis.

Outro fungo biotrófico de enorme influência agrícola e cultural ao longo da história humana é o Claviceps purpurea. Este patógeno é o agente causal do “ergot” do centeio, azevém, cevada, aveia e trigo.

Os escleródios formados por C. purpurea, substituem os grãos dos cereais nas espiguetas, além disso contêm um amplo espectro de alcaloides tóxicos, incluindo o LSD.

Desta forma, quando não há um adequado monitoramento e controle deste patógeno, os grãos contaminados com estes escleródios podem chegar até a farinha, utilizada para a fabricação de massas.

Numerosas epidemias resultantes da infecção por C. purpurea foram relatadas, as quais ocasionaram milhares de vítimas, com consequências sociais e políticas.

Atualmente, a principal forma de controle dos patógenos causadores de doenças fúngicas é a utilização de fungicidas. Entretanto, é necessário a identificação prévia do patógeno, para que sejam utilizados produtos químicos eficazes.

Bactérias como patógenos agrícolas

As bactérias são patógenos cosmopolitas, encontradas, portanto, distribuídas em praticamente todos os locais do mundo. De modo geral, as plantas são ótimos locais para o desenvolvimento de bactérias, em função do elevador teor de água.

Estes patógenos penetram nas plantas através de 2 formas:

  • Aberturas naturais (estômatos, hidatódios, lenticelas, nectários e estigmas).
  • Ferimentos nos tecidos vegetais.

Quando infectam as plantas, as principais sintomas dos patógenos bacterianos são: galhas e supercrescimentos, manchas foliares, podridões, murchas, cancros, entre outros.

Na agricultura, a maioria das bactérias patogênicas pertencem aos seguintes gêneros:

  • Acidovorax
  • Agrobacterium
  • Burkholderia
  • Clavibacter
  • Erwinia
  • Fitoplasma
  • Pantoea
  • Pectobacterium
  • Pseudomonas
  • Ralstonia
  • Spiroplasma
  • Streptomyces
  • Xanthomonas
  • Xylella

Os mecanismos de ação das bactérias são os mais distintos possíveis. Nas plantas de interesse agronômico, estes patógenos podem:

  • Produzir uma série de toxinas, que levam à célula hospedeira a morte.
  • Produzir enzimas específicas, que quebram os principais componentes estruturais das células vegetais e de suas paredes. Como por exemplo, a secreção de enzimas pectolíticas por Pectobacterium e Dickeya spp.
  • Espécies de Agrobacterium, por exemplo, têm a capacidade de modificar geneticamente ou transformar seus hospedeiros. Levando a formação de supercrescimentos semelhantes ao câncer, chamados de galhas.
  • Colonizar os vasos de xilema, evitando assim que água e nutrientes essenciais cheguem até a parte área das plantas. Mecanismo utilizado, por exemplo, pela Xylella fastidiosa.

As doenças de plantas causadas por patógenos bacterianos são difíceis de controlar, pois são poucos os produtos químicos eficientes.

Sendo assim, a principal alternativa de manejo para estes patógenos é a prevenção.

As medidas de manejo integrado para patógenos bacterianos incluem:

  • Utilização de variedades de plantas resistentes aos principais patógenos.
  • Evitar ao máximo cortes e ferimentos nas plantas.
  • Em culturas que exigem poda, deve-se desinfectar as ferramentas sempre que for de uma planta para outra.
  • Nos locais da poda, pode-se aplicar Calda Bordalesa, para evitar que o ferimento fique exposto e sirva de porta de entrada para os patógenos.

 

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Vírus como patógenos agrícolas

Diferente dos sintomas das doenças causadas por fungos e bactérias, as doenças causadas por vírus têm sintomas definidos e claros. Sendo assim, há uma maior facilidade para a identificação das doenças viróticas.

Os sintomas mais comuns das doenças causadas por vírus em plantas são:

  • Clorose
  • Enfezamento ou nanismo
  • Enrolamento ou encarquilhamento das folhas
  • Manchas das nervuras
  • Mosaico

Apesar dos sintomas serem ótimos indicadores da presença destes patógenos na lavoura, existem técnicas mais precisas para o diagnóstico de doenças e identificação de vírus. Como por exemplo:

  • Testes sorológicos, como o ELISA (Enzyme Linked ImmunoSorbent Assay)
  • Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
  • Real Time-PCR
  • Sequência de nucleotídeos

O principal problema de manejo ocasionado pelos vírus nas lavouras diz respeito a sua fácil transmissão e disseminação para outras plantas.

As principais doenças causadas por vírus se disseminam via insetos vetores.

Sendo assim, esse é o primeiro passo para um manejo eficiente, que deve iniciar com o monitoramento e controle das principais espécies de insetos vetores, como:

  • Ácaros
  • Cigarrinhas
  • Mosca-branca
  • Pulgões
  • Tripes

Se mesmo com um manejo adequado destes insetos vetores, ainda assim, for detectada a presença de viroses nas lavouras, outra série de medidas podem ser adotadas.

Entretanto, lembre-se que os vírus de plantas não podem ser controlados diretamente por aplicação de produtos químicos.

Desta forma, os principais meios de controle, dependendo da estirpe do vírus, incluem:

  • Adoção de cultivares resistentes as principais viroses: esta alternativa ainda não está disponível para todas as espécies de plantas cultivadas.
  • Utilização de material propagativo sadio: principalmente em culturas propagadas vegetativamente, como por exemplo, batata, videira, citrus etc.

Nematoides como patógenos agrícolas

Os nematoides são patógenos comuns em solos agrícolas e, assim como os vírus, possuem sintomas bem definidos. As infecções por nematoides são amplamente distribuídas por todo o mundo, especialmente em locais com temperatura moderada e elevada umidade.

Os nematoides são patógenos simples e multicelulares, normalmente contendo 1.000 células ou menos. Eles são similares as minhocas, mas são taxonomicamente distintos.

Estes patógenos são micro-organismos bilaterais, simétricos, de corpo mole (sem esqueleto) e não segmentados.

Todos os nematoides parasitas de plantas possuem peças bucais perfurantes, chamadas de estiletes.

A presença deste estilete é o principal diagnóstico que diferencia os nematoides parasitas de plantas de todos os outros tipos de nematoides.

Os sintomas típicos destes patógenos ocorrem nas raízes, que são os locais preferidos para a infecção. Neste órgão, os principais sintomas são:

  • Nós e lesões radiculares
  • Galhas
  • Ramificação excessiva das raízes
  • Lesão no meristema radicular
  • Sistemas radiculares raquíticos

Os sintomas também podem ser percebidos na parte área da planta, mas na maioria das vezes, são sintomas-reflexos, ocasionados pela infecção destes patógenos na raiz. Desta forma, os sintomas mais comuns são:

  • Declínio lento de toda a planta
  • Murcha, mesmo com umidade adequada no solo
  • Amarelecimento nas folhas
  • Menor número e tamanho das folhas

Os nematoides são patógenos que podem ser facilmente disseminados no solo. Alguns são dotados de sistema locomotor, permitindo que eles “caminhem” a curtas distâncias sob o solo.

Outros nematoides, como os formadores de cistos (Heterodera spp.), por exemplo, são sésseis, ou seja, não possuem capacidade de locomoção, vivem fixos, associados ao solo e, portanto, são disseminados por qualquer meio físico que possa mover as partículas do solo, como equipamentos, ferramentas, sapatos, pássaros, insetos, poeira, vento e água.

Para mais informações sobre como realizar o manejo de nematoides em sistemas de produção agrícola, gostaria de sugerir a você a leitura deste artigo.

Outros agentes fitopatogênicos

Atualmente, poucos recursos têm sido direcionados para patógenos causadores de doenças de plantas que não se enquadram na categoria de fungos, bactérias, vírus e nematoides.

Muitas vezes, estas doenças são mal diagnosticas a campo e, consequentemente, as recomendações para o seu manejo também.

Podem ser incluídos aqui micro-organismos patogênicos, pertencentes as classes dos:

  • Mollicutes: popularmente conhecidos como “micoplasmas”, uma classe de bactérias que se distingue pela ausência de parede celular. Dentre eles, os tipos mais conhecidos são:
    • Fitoplasmas
    • Espiroplasmas
  • Fitomonas

Os fitoplasmas são reconhecidos como importantes patógenos agrícolas, entretanto, a nomenclatura binomial latina a nível de gênero, não se aplica a eles.

Os fitoplasmas são procariotos sem parede celular e, apesar de serem semelhantes as bactérias fitopatogênicas, estes patógenos se distinguem por serem bem menores. Desta forma, em termos evolutivos, pode-se dizer que os fitoplasmas são descendentes das bactérias que apresentam parede celular.

Os primeiros relatos destes patógenos como agentes causadores de doença ocorrem no início dos anos 1900. Quando doenças do tipo “amarelo” foram identificadas.

No Brasil, algumas doenças associadas a fitoplasmas merecem destaque, como por exemplo:

Os espiroplasmas, por sua vez, são semelhantes aos fitoplasmas, no entanto, distingue-se deste por apresentar forma espiralada ou helicoidal.

Na agricultura, os espiroplasmas podem colonizar tecidos internos e habitar o floema, podendo desta forma, se distribuírem sistemicamente por toda a planta. Duas espécies deste patógeno aparentam interesse agronômico:

  • Spiroplasma kunkelii: causa o enfezamento pálido do milho.
  • Spiroplasma citri: é o agente causal do stubborn dos citrus.

Os Phytomonas são patógenos lembrados com pouca frequência, eles caracterizam-se por serem protozoários flagelados tripanosomatídeos. As principais doenças associadas a este grupo de patógenos são:

Até o momento, não existem métodos de controle eficientes para estes patógenos. Entretanto, recomenda-se que as plantas infectadas sejam erradicadas e que se faça o manejo dos insetos vetores.

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