A helicônia é uma planta nativa de regiões tropicais e, por isso, pode ser encontrada por toda a América do Sul e Central, além de diversas ilhas localizadas no Oceano Pacífico e na Indonésia.

O nome Helicônia faz referência à montanha Helicon, que se localiza na Grécia. De acordo com a mitologia grega, neste local, acreditavam-se abrigar as deusas das artes. Desta forma, o seu nome faz jus a beleza e a variedade das suas cores.

Entretanto, popularmente, a helicônia também é conhecida como bico de papagaio, caeté ou bananeira do mato. Devido as suas características morfofisiológicas, estas plantas são o único gênero (Heliconia) da família Heliconiaceae.

A região preferida para a ocorrência da helicônia incluem áreas de matas ciliares, zonas periféricas de florestas e clareiras com vegetação pioneira. Adicionalmente, estas plantas podem ser encontradas habitando locais de diversas atitudes.

A helicônia é uma planta muito apreciada como flor decorativa em jardins. Caracteriza-se por apresentar longas hastes, com brácteas coloridas, que se assemelham a bicos de pássaros.

Tais brácteas, apesar de parecem pesadas, são levíssimas e possuem uma textura macia. As folhas, por sua vez, são frágeis e sofrem danos facilmente em função da ação da chuva ou do vento.

A aceitação da helicônia como flor de corte cresceu bastante nos últimos anos, tanto em nível nacional, como mundial. Os principais fatores que levaram a isso, dizem respeito à elevada rusticidade, à resistência ao transporte e à excelente durabilidade pós-colheita da helicônia.

Neste caso, as espécies de helicônia mais recomendadas como flor de corte são as que possuem inflorescências com brácteas menores, leves e eretas.

Em contrapartida, as espécies de helicônia de maior valor agregado são aquelas com inflorescências pendentes. Estas plantas, entretanto, são mais difíceis de serem cultivadas, a sua produtividade é mais baixa e, o investimento em mão-de-obra para o processo de embalagem é maior.

Sendo assim, é importante conhecer as principais espécies de helicônia antes de iniciar um negócio, bem como os principais desafios para a sua produção.

Principais espécies e variedades de helicônia

Atualmente, existem mais de 100 espécies de helicônia catalogadas oficialmente em nível mundial, embora se acredita que existam mais de 200. Desse total, aproximadamente, 40 espécies de helicônia são naturais do Brasil.

Apesar da ampla gama de espécies disponíveis, algumas helicônias se destacam em relação as outras e, desta forma, as helicônias mais cultivadas em território nacional são:

 

Heliconia bihai

Esta é provavelmente a espécie de helicônia mais cultivada no Brasil. Também é conhecida popularmente como pássaro-de-fogo. O florescimento ocorre de abril a dezembro, e a altura da planta pode chegar até 2 m de comprimento.

Esta helicônia é nativa da Floresta Amazônica, e produz de 7 a 12 brácteas por inflorescência, as quais são firmes e retas, de cor vermelha ou amarela, com pontas e lábios verdes.

Devido ao seu elevado valor comercial, existem diversas cultivares disponíveis no mercado, como: Arawak, Balisier, Banana Split, Giant Lobster Claw, Lobster Claw 1, 2 e 3, New Yellow Dancer, Baby Bihai, Baby Arawak, Yellow Forest etc.

 

Como realizar o cultivo de helicônia passo a passo

 

 

Heliconia rostrata

Esta helicônia pode produzir o ano todo, e sua altura é bastante variável. Dependendo da cultivar, pode ir de 1 a 6 m de comprimento.

A Heliconia rostrata é amplamente produzida em todo o mundo, principalmente devido ao fato de poder ser cultivada desde ambientes com 50% de sombra até completa exposição ao solo.

Além disso, é muito atrativa comercialmente, pois produz de 4 a 35 brácteas por inflorescência, com porte decumbente e cores vermelho vibrante com amarelo.

Esta helicônia só perde em cultivo em relação a Heliconia bihai devido a persistência das suas flores ser menor. As principais cultivares são Tem Days e Hanging Lobster Claw.

 

Como realizar o cultivo de helicônia passo a passo

 

 

Heliconia wagneriana

Produz inflorescências de janeiro a setembro, com produção máxima nos meses de abril a maio. a altura desta helicônia pode variar de 1,5 até 5 m de comprimento. Ela pode ser cultivada desde ambientes com 40% de sombra até ambientes com completa exposição ao sol.

O número de brácteas por inflorescência varia de 6 a 20. Entretanto, o seu padrão de coloração difere das outras espécies, apresentando regiões vermelhas no centro das brácteas arrodeadas com colorações de variam de amarelo claro a verde.

 

Como realizar o cultivo de helicônia passo a passo

 

 

Heliconia psittacorum

Estas helicônias caracterizam-se pelo porte relativamente baixo, de 1 a 2 m de comprimento. No Brasil, o seu período de florescimento compreende os meses de abril a novembro.

As inflorescências de Heliconia psittacorum possuem uma arquitetura que difere das outras espécies de helicônias, como pode ser observado na imagem abaixo. O número de brácteas é também inferior, variando de 4 a 6 por inflorescência.

 

Como realizar o cultivo de helicônia passo a passo

 

Curso de Manejo da Fertilidade do Solo para Altas Produtividades
Curso de Manejo da Fertilidade do Solo para Altas Produtividades

 

Como as helicônias podem ser propagadas?

A multiplicação das helicônias envolve duas alternativas principais, sendo assim, elas podem ser propagadas tanto com sementes, como também através de rizomas.

Como não é sempre que as helicônias produzem sementes, a multiplicação via rizoma é o método mais utilizado.

Geralmente, quando estas plantas estão fora da natureza e distantes dos seus organismos polinizadores, diversas espécies não produzem sementes.

As inflorescências das helicônias são fonte de néctar, rico em açucares, que atrai a presença de agentes polinizadores, como beija-flores e morcegos. Após polinizadas, as plantas produzem frutos, que são utilizados como fonte de alimento para roedores e pássaros, os quais atuam naturalmente dispersando as sementes.

Os frutos possuem em torno de 3 sementes, e para que elas germinem, a semeadura deve ser realizada em locais úmidos, ensolarados e quentes, com temperaturas variando entre 25 e 35 ºC.

Na multiplicação via rizomas, recomenda-se a utilização de uma porção do rizoma de, no mínimo 10 a 12,5 cm, constituído de 3 a 5 pseudocaules.

Ao contrário das sementes, os rizomas de helicônias não devem ser expostos ao sol para que se desenvolvam. Atualmente, este material propagativo pode ser facilmente adquirido em lojas especializadas.

Os rizomas são ricos em água, por isso cuidado para não os desidratar demais. Sendo assim, eles devem permanecer em condições de sombra e boa disponibilidade de água para que iniciem as primeiras brotações. Só então é que devem ser transplantados para vasos e/ou canteiros.

Cultivo de helicônia em larga escala

O primeiro passo para a produção em larga escala de helicônias deve envolver a escolha das espécies/cultivares mais adequadas para a finalidade do cultivo e para a comercialização desejada, pois cada uma tem um mercado potencial diferente, bem como necessidades diferentes de luz e calor e de outros cuidados específicos.

Desta forma, faz-se necessário um estudo do mercado e das necessidades dos potenciais compradores, no que diz respeito à finalidade (para jardinagem ou para corte), à qualidade exigida, à quantidade demandada, a logística e os canais de distribuição, e as formas de comercialização (assinaturas florais, fornecimento à floriculturas ou cerimoniais, fornecimento à empresas de paisagismo ou venda direta ao consumidor final, por exemplo).

De modo geral, podemos dizer que a produção de helicônias é simples. Em função de não ser uma planta exigente em podas ou adubações frequentes.

Obviamente, o cultivo de uma flor tropical, mais adaptada às nossas condições de solo e de clima, torna o manejo mais fácil em relação ao cultivo de flores tradicionalmente comercializadas, mas de origem em regiões de clima mais ameno.

A escolha do local para o cultivo destas plantas também dever ser um fator a se considerar, pois são plantas exigentes em temperatura e umidade. Sendo assim, o ideal é cultivá-las em solo ou substrato rico em matéria orgânica, para que desta forma, se mantenha a umidade.

Mas cuidado para com o excesso de água no solo e nas plantas, pois a manutenção de água livre na superfície das plantas pode ser a porta de entrada para muitos patógenos oportunistas.

Se o cultivo for realizado em canteiros, deve se dar atenção a fertilidade e ao tipo do solo. Além disso, o espaçamento entre as plantas varia em função da espécie e/ou cultivar escolhida.

De modo geral, considera-se que:

  • Os canteiros devem apresentar 1 m de largura, com entrelinhas de 1 a 1,5 m.
  • Cultivares com inflorescências pequenas e eretas podem ser cultivadas espaçadas em 30 cm.

Para espécie de helicônias de maior porte, que se crescem mais do que 1,5 m de altura, o espaçamento deve ser de no mínimo 0,8 x 0,8 m, ao passo que a distância das entrelinhas permanece a mesma.

Nutrição mineral de helicônias

As helicônias preferem solos levemente ácidos, ou seja, com pH entre 4,5 e 6,5. Apesar de serem plantas pouco exigentes em termos de nutrição, não se deve descuidar, pois plantas em estresse devido à falta de algum elemento mineral causam prejuízos.

Para não errar na hora de cultivar as helicônias, recomenda-se que sejam realizadas análises de solo, a fim de se corrigir a fertilidade do solo antes de iniciar a produção. Somente assim, é que os níveis de micro e macronutrientes do solo podem ser estimados de maneira correta, possibilitando adubações de correção direcionadas.

Os macronutrientes são os elementos requeridos em maior quantidade. Através de um estudo para avaliar o impacto das deficiências de N, P e K em helicônias, percebeu-se que:

  • O comprimento e o diâmetro da haste floral e o comprimento da inflorescência foram reduzidos em até 31,23%.
  • A durabilidade pós-colheita das hastes florais foram reduzidas em 67% na falta de N e, em 38,46% na ausência de K.

 

Como realizar o cultivo de helicônia passo a passo

 

A grande maioria das pesquisas cientificas indicam a necessidade de adubar as helicônias de 2 a 3x por ano. Sendo, preferencialmente, uma adubação realizada na época das secas e outra no período chuvoso.

Além da adubação para correção do solo, logo no início da produção, é necessário a realização de adubações de cobertura, a fim de manter os teores nutricionais estáveis, para que as plantas não sofram com deficiências.

Neste caso, muitos trabalhos têm indicado a formulação de NPK 4-14-8, que é a nutrição básica para flores tropicais, como as helicônias.

Além disso, resultados positivos foram encontrados quando se associou o NPK ao esterco bovino. Neste caso, a altura das plantas foi, cerca de, 23% maior do que na testemunha e as plantas exibiram um crescimento homogêneo e vigoroso, sem sintomas visuais de deficiência nutricional.

Principais pragas e doenças para as helicônias

As helicônias podem hospedar um grande número de patógenos agrícolas, como fungos, bactérias e nematoides.

Até o momento, diversas doenças fitopatogênicas já foram relatadas para a cultura, como o mal do panamá, causado pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense, doença bastante conhecida pelos produtores de banana.

Relatos de novas doenças em helicônias continuam surgindo no Brasil e no mundo. Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco, relatam pela primeira vez a “mancha de pestalotiopsis em helicônia” e atribuíram a doença ao fungo Pestalotiopsis pauciseta.

Assim como, relatos de viroses, como a Banana Bunchy Top Virus (BBTP), descoberta recentemente no Hawaii.

Diversos grupos de insetos-praga também podem ser encontrados em helicônias, tais como besouros da ordem Coleoptera, formigas, pulgões e cochonilhas. Algumas espécies de helicônias, como a Heliconia bihai, acumulam exsudados e água nas inflorescências, o que permite a formação de um micro-habitat que favorece a ocorrência destes insetos.

Além destas pragas que são atraídas pelas inflorescências, outros insetos podem causar a desfolha das helicônias, como os gafanhotos, lagartas, saúvas (Atta sexdens) e o ácaro-vermelho (Tetranychus abacae).

O falso-moleque-da-bananeira, praga comum na cultura da banana, também pode ser encontrado em helicônias. Esta praga produz larvas que se alimentam dos tecidos vegetais vivos, escavando galerias superficiais e profundas. Outras pragas também apresentam potencial para causar prejuízos indiretos, como a mosca-branca (Aleurothrixus floccosus).

 

Técnicas de Vendas e Marketing no Agronegócio
Técnicas de Vendas e Marketing no Agronegócio