Você que atua no Agronegócio, como colaborador ou como empresário rural, já percebeu que é inegável os ganhos que o surgimento e avanço de novas técnicas e tecnologias trouxeram nos últimos anos, não é mesmo?

Porém, para que todo o potencial destas novas técnicas e tecnologias possa gerar de fato melhores resultados são necessárias pessoas que tenham capacidade de extrair, coletar, organizar e principalmente analisar esse volume imenso de informações geradas todos os dias.

Mesmo com o surgimento, ainda que recente, da inteligência artificial, a importância das pessoas dentro do Agronegócio se torna ainda mais estratégica.

Além disso, você também já deve ter percebido que técnicas equivocadas de Gestão de Pessoas podem causar muito estresse e muitos prejuízos no ramo em que você atua no Agronegócio, como alta rotatividade (turn over), elevado número de faltas da equipe (absenteísmo), ou até mesmo o elevado número de passíveis trabalhistas.

De forma indireta, a quebra recorrente de máquinas e implementos, a perdas de animais ou de produtos vencidos por falta de controle de estoque, não são necessariamente por falta de sistemas de controles, mas por falta de treinamento, ou pior, por falta de engajamento da equipe.

Ao longo desse artigo, apresentaremos a Gestão de Pessoas no Agronegócio e como ela pode ser aplicada para criar um ambiente de trabalho saudável, motivador e de alta produtividade.

Você irá conhecer também algumas técnicas importantes para transformar a Gestão de Pessoas no seu Agronegócio.

Mas primeiro, vamos esclarecer melhor o que faz o setor de Gestão de Pessoas em uma propriedade rural, revenda agropecuária, indústria de insumos, fabricante de máquinas ou qualquer outra empresa do Agronegócio.

O setor de Gestão de Pessoas

O setor de Gestão de Pessoas tem a função de gerenciar os funcionários e não os recursos que eles geram, ou seja, trabalham com aspectos mais subjetivos, como motivação e engajamento.

A Gestão de Pessoas é um setor da empresa (apesar de também ser responsabilidade de todos) com técnicas e conhecimentos necessários para a aplicação das diretrizes de motivação, inspiração e bem-estar dos funcionários.

Embora pareça um tema de uma multinacional, é no Agronegócio que esse setor encontra um terreno fértil para a empresa crescer.

Funcionários motivados e bem preparados produzem mais. Em outras palavras, o lucro é maior.

De maneira análoga, é como uma professora do jardim de infância que ensina, diverte e motiva a criança nos anos iniciais para que elas cresçam e estudem.

Assim é o papel da Gestão da Pessoas, que motiva e ensina seus colaboradores para que cresçam ainda mais como profissional.

Algumas das funções são:

  • Motivação dos colaboradores
  • Promoção de eventos de capacitação
  • Ter ciência dos perfis dentro da empresa e colocar os funcionários nas áreas necessárias
  • Receber e dar feedbacks

Embora essas funções pareçam supérfluas ao funcionamento de uma empresa, a Gestão de Pessoas pode resultar em uma queda gigantesca nos custos de produção, o que pode fazer diferença para o lucro da empresa do Agronegócio, tornando-o ainda maior!

Os processos de Gestão de Pessoas

Para apresentar essa estruturação, apresentaremos os 6 processos da Gestão de Pessoas, mais conhecido como “6P“, para você entender melhor como é o gerenciamento de pessoas e a forma como ele pode ajudar sua empresa rural a crescer.

 

P1 – Processo de agregar pessoas

O primeiro P da nossa lista é referente à contratação de novos colaboradores.

Já pensou em reestruturar seu sistema para agregar novos funcionários?

Como ele é realizado atualmente? Análise de currículo? Indicação?

Para um processo de contratação eficiente, que cumpra o seu proposito gerando um profissional efetivo de qualidade, existem algumas etapas que devem ser cumpridas.

A estrutura básica desse processo geralmente é constituída por:

 

Definição das características das vagas
Essa é a primeira etapa que precisa ser cumprida. É necessário ter mente o perfil do profissional que seria ideal para o cargo que será ocupado, de acordo com a cultura organizacional da empresa rural.

Esse é o momento de união entre os setores de Gestão de Pessoas e o da área com a vaga aberta para verificar quais as necessidades não só de perfil, mas também acadêmica.

Quais são as competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) necessárias para essa vaga?

É necessário experiência? Qualificação Profissional? Qual o salário? Tudo isso é definido nessa etapa.

 

Divulgação
Aqui é onde a oportunidade de emprego sai da empresa e vai para o mundo externo. Grupos de WhatsApp, agências de emprego ou na Central de Atendimento ao Trabalhador da sua cidade.

Existem também canais gratuitos para quem procura um empregado. Atualmente, empresas anunciam até no Facebook ou no Whatsapp.

 

Seleção dos participantes
Analise os currículos que recebeu, opte por selecionar aqueles que já tenham determinada experiência na área ou que tenham qualificação profissional.

Por mais básico que o serviço pareça, ter total consciência do que faz minimiza os erros.

 

Entrevista de Emprego
Esse é o momento de conversar com os que foram selecionados.

A conversa olho-no-olho é ideal para identificar se o perfil do funcionário realmente condiz com o apresentado no currículo, e descobrir as características que são negativas ou positivas em relação à vaga.

Algumas empresas optam por realizar uma entrevista com o gestor da área. Dessa forma, é possível identificar se os perfis se encaixam ou não.

 

Dinâmicas
Muitos recrutadores menosprezam essa ferramenta. No entanto, principalmente no Agronegócio ela é muito bem-vinda.

Boa parte dos serviços da sua empresa rural são feitos em conjunto, e por esse motivo é necessário a realização de uma dinâmica durante o processo seletivo.

Insubordinação, falta de empatia, problemas com trabalho em equipe e má conduta são facilmente identificadas com essa ferramenta.

Use-a nas suas próximas seleções e será possível notar a diferença.

 

A escolha
Por fim, unindo todos os resultados a equipe de Gestão de Pessoas e/ou RH junto com a gerência da área devem escolher o profissional mais capacitado.

Mas nós sabemos o quanto a capacitação é difícil. Por esse motivo, ao agregar um colaborador sem conhecimento, embora seu perfil não seja o ideal, dê incentivos para a sua capacitação.

E é sobre isso que trataremos no segundo P.

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P2 – Processo de aplicar pessoas

O processo de aplicar pessoas é a inserção desse empregado (e dos demais) no trabalho.

Aqui são aplicadas as orientações necessárias desde seu cargo até todo o funcionamento da empresa rural como um todo.

Também é necessário avaliar o desempenho dos indivíduos por meio de uma métrica real.

Muitas vezes, focada apenas no lucro, a empresa deixa sua análise de desempenho muito alta, prezando a produtividade.

Mas isso não é uma ideia interessante. Embora o lucro pareça aumentar, esse efeito pode não ser sustentável no longo prazo.

Isso porque licenças médicas, demissões e brigas internas derivadas do estresse geram defasagem, mal-estar no local de trabalho e, automaticamente, queda de produção.

Assim, aplicar pessoas é um processo delicado, que deve ser realizado de uma forma cuidadosa para não gerar o efeito contrário.

P3 – Processo de recompensar pessoas

Recompensar seus colaboradores faz parte de um dos processos de Gestão de Pessoas.

Essa recompensa é necessária para que ficarem motivados e atrelados à sua função.

A intenção aqui é deixá-los felizes dentro ou por conta do trabalho.

Existem, basicamente, três formas de recompensas:

  • Financeiras diretas: é um valor dado para o funcionário em recompensa de algo. Por exemplo: bonificações, comissões e prêmios.
  • Financeiras indiretas: essas também têm um valor econômico, mas, no entanto, não é diretamente aplicada como recompensa de alguma meta. Por exemplo: eventos, festas, viagens, seguros, benefícios.
  • Não-financeiras: são recompensas sem valor direto ao colaborador, mas com valor sentimental. Por exemplo: reconhecimento, prestígio, qualidade de vida laboral, etc.

P4 – Processo de desenvolver pessoas

Esse processo trata de desenvolver os colaboradores, utilizar meios para sua capacitação e a evolução em um plano de carreira.

Isso faz com que os funcionários se dediquem mais, pois sabem que há possibilidade de crescimento dentro do ambiente empresarial.

O objetivo do desenvolvimento de pessoas não é só contribuir para o crescimento pessoal do colaborador, mas também para evoluir as atividades da própria empresa com conteúdo de qualidade e atualizado.

P5 – Processo de manter pessoas

Esse processo tem a função de manter o colaborador dentro da empresa, sem a necessidade de procurar novos empregadores ou prejudicando o trabalho.

Para isso é necessário um ambiente laboral limpo, higienizado, agradável, seguro, com qualidade de vida e respeitando seus direitos como ser humano.

O mais interessante desse ponto é que ele interliga várias práticas diferentes: desde a higienização básica até técnicas de solução de conflitos.

Todas as estratégias que mantenham o local de trabalho saudável fisicamente e psicologicamente.

P6 – Processo de monitorar pessoas

E por último, temos o processo de monitorar pessoas.

Aqui a empresa monitora e controla o desempenho de seus colaboradores por meio de mecanismos especializados para obter um parâmetro da produtividade.

Quanto aquele funcionário produz? Ele teve uma queda no rendimento? Ele produz bem menos que os demais?

Todas essas perguntas encontram respostas no relatório de monitoramento.

No entanto, é importante expor que muitas empresas usam esse tipo de relatório como uma “cobrança” para seus funcionários, impondo metas ou sugestionando uma perca do cargo ou até mesmo emprego.

Aqui, dentro dos “6P’s” estamos falando em um acompanhamento para identificar eventuais problemas dentro da própria empresa rural.

Claro que isso não afasta a possibilidade de desligamentos, mas, no entanto, os desligamentos serão mais efetivos, menos generalizados e extremamente mais produtivos para o próprio Agronegócio.

Esses processos, embora formem um “script” perfeito para o sucesso da sua empresa rural, precisam ser meticulosamente tratados por especialistas na área de Gestão de Pessoas, com um  planejamento adequado e total apoio do gestor da empresa rural.

Mas afinal, por que investir na Gestão de Pessoas?

Com todos os dados apresentados, essa ideia de implementação pode parecer cara ou até mesmo inviável.

Afinal, estamos acostumados a encarar o investimento no funcionário como um gasto secundário, em vista de outros investimentos que possam ser realizados.

No entanto, existem pontos extremamente positivos em investir em práticas ou em uma equipe de Gestão de Pessoas especializada.

Segundo a pesquisa State of the Global Workplace realizado pela Gallup, que analisou diversas empresas em 195 países, resultando num total de 25 milhões de empregados, a conclusão foi um verdadeiro avanço:

Uma equipe motivada e integrada aumenta cerca de 21% na produtividade, 10% na captura de clientes e 22% na rentabilidade total da empresa.

Também foram diminuídos aspectos nocivos como o turnover, absenteísmo e nos defeitos de qualidade.

Foi registrada uma queda de 37% de absenteísmo, isso acontece porque em um ambiente equilibrado e estruturado os colabores se sentem mais à vontade para frequentar, sem que o ambiente seja nocivo a ele ou a sua saúde.

O turnover registrou uma queda de 65%, pois eles estão mais motivados ao trabalho e à evolução, não há necessidade de procurar melhores condições de trabalho ou um salário mais alto, e os esforços são direcionados para o crescimento na própria empresa.

Os defeitos de qualidade foram reduzidos em 41% , já que motivados e psicologicamente saudáveis os funcionários passam a ter mais cuidado e atenção com o que é produzido.

Além desses benefícios, uma política de Gestão de Pessoas estruturada e positiva reduz o índice de passivo na Justiça Trabalhista.

Dessa forma, investir na área de Gestão de Pessoas traz um retorno direcionado para a otimização da própria empresa rural, além da vida laboral do funcionário.

Técnicas de Vendas e Marketing no Agronegócio
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